Disse que os governadores, prefeitos e jornais inflam número de mortos só para atingi-lo
Em sua live da quinta-feira (15), Jair Bolsonaro deixou claro mais uma vez porque virou motivo de chacota em todo o mundo. O capitão cloroquina esbravejou novamente contra a ciência e insistiu em sua charlatanice do tratamento da Covid-19 com drogas comprovadamente ineficazes.
Ele voltou também a atacar os governadores e prefeitos, tentando jogar sobre eles a responsabilidade – que é sua – pela tragédia que se abateu sobre o país e já matou mais de 360 mil pessoas desde o início da pandemia.
“Nós sabemos aí do vírus da Covid, que mata muita gente, mas parece que os números começaram a cair depois que a CPI lá do Senado incluiu também a investigação em cima de governadores e prefeitos”, afirmou Bolsonaro, insinuando que governadores e prefeitos não estavam agindo como deviam no combate ao vírus.
Ou, na cabeça doentia de Bolsonaro, eles e a mídia estariam alterando os números de mortos só para poderem atingi-lo.
Como se não fosse ele o sabotador do uso de máscaras, como se não fosse ele o promotor de aglomerações, quem recusou-se a comprar as vacinas e quem, até hoje, apregoa a estupidez da cloroquina. O mundo todo já sabe que Bolsonaro, com sua sabotagem às medidas sanitárias consensuais em toda a comunidade médica e científica, pratica, na verdade, uma política com características de um genocídio.
Ele agrediu governadores e a mídia, depois de mostrar uma manchete de um jornal que dizia “Médicos fazem tratamento clandestino com cloroquina contra Covid-19”. “Vejam como a mídia se comporta”, disse Bolsonaro. “Eu nunca vi nada mais sujo do que grande parte da mídia no Brasil. É uma coisa que se aproxima do chorume, é fétida. Isso é o que acontece com grande parte da mídia do Brasil”, prosseguiu.
E aí saiu em defesa da cloroquina e da ivermectina. A primeira surgiu da cabeça de Donald Trump, o idiota que, felizmente, já foi apeado do poder nos EUA pelo povo americano. O guru da família Bolsonaro foi o primeiro a fazer apologia da charlatanice do uso da cloroquina na Covid-19.
A partir daí, Bolsonaro não parou mais de repetir a ideia de seu guru e passou a defender, mais até do que Trump, o uso da droga na pandemia. A campanha da ivermectina veio depois. Sabe-se, agora, que, além de ser fruto do negacionismo e da estupidez de Bolsonaro, a campanha pró-ivemerctina foi, e é, também, fartamente patrocinada pela fabricante.
“Eu não quero discutir a cloroquina aqui”, disse Bolsonaro. “Eu tomei e me safei, muita gente tomou e se safou. Isso chama-se tratamento precoce ou tratamento imediato. Ou tratamento ‘off label’, o médico tem o direito de bem receitar o que ele achar que é melhor para o paciente”, afirmou o charlatão.
Só que não é bem assim que as coisas funcionam na medicina. Há órgãos que controlam a prática médica contra os charlatões de plantão. Os seguidores de seu fanatismo não estão só imitando o charlatanismo do “mito”: eles estão sendo cúmplices de assassinatos ao receitarem inalação com cloroquina. Já há mortes causadas por essa charlatanice.
Vários dos seguidores de Bolsonaro já estão sendo chamados a prestarem esclarecimentos sobre suas práticas anticientíficas e criminosas, o que levou o presidente a citar como exemplo a cidade de Chapecó (SC). “Lá os médicos têm liberdade de receitar o que eles acharem melhor. Se ele achar que vai ser a cloroquina, vai ser, se achar que é a ivermectina, vai ser, seja lá o que for”, defendeu.
O garoto propaganda da cloroquina só não se lembrou de falar que a taxa de mortalidade por Covid-19 em Chapecó é superior à média nacional, segundo dados do município e do próprio Ministério da Saúde.
Ele seguiu atacando a mídia em sua ferrenha defesa do vírus. “Agora”, disse ele, “por que a mídia faz um trabalho sujo como este?” E completou fazendo um ataque sórdido aos jornalistas. “Eu passo a ter certeza que eles acham que quanto mais mortes tiver, melhor, para provocar uma grande revolta contra o presidente da República”, acrescentou Bolsonaro.
Ele também teve que comentar o crescente desgaste de seu governo na sociedade e na sua base parlamentar. Falou de forma arrogante, lembrando Collor de Mello, um pouco antes de seu impeachment. “Está aí na mídia. Vamos ver qual é o encaminhamento que o Arthur Lira vai dar no tocante a isso. Se vão abrir processo ou não. E a gente vai se encontrar, não na live mas em outro lugar brevemente para discutir esse assunto aí. Só digo uma coisa: só Deus me tira da cadeira presidencial, e me tira, obviamente, tirando a minha vida. Fora isso, o que nós estamos vendo acontecer no Brasil não vai se concretizar, mas não vai mesmo”, resmungou.
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