Chefe da AGU será o ‘terrivelmente evangélico’ para o STF, diz Bolsonaro a Malafaia

O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça. Foto: Marcello Casal Jr - Agência Brasil

Em reunião com o pastor Silas Malafaia, na terça-feira (20), Bolsonaro afirmou que o ministro da Advocacia-Geral da União (AGU), André Mendonça, será indicado para ocupar a vaga que será aberta no Supremo Tribunal Federal (STF), em julho, com a aposentadoria do decano da Corte, Marco Aurélio Mello.

“Ele já tinha falado comigo no dia 15 de março, quando estive (no Palácio do Planalto) para propor um jejum e estava com oito líderes. Ontem (segunda-feira), ele confirmou, mais uma vez. Isso já é uma verdade e o André é favoritíssimo. Não tem para ninguém”, disse Malafaia ao Estadão.

Malafaia revelou não ser a primeira vez que Bolsonaro dá todos os sinais de que indicará Mendonça para o STF. Bolsonaro recebeu líderes evangélicos e parlamentares da bancada evangélica na segunda-feira (19) e na terça-feira (20). André Mendonça estava presente na reunião da segunda-feira.

“Por que o presidente vai se queimar? O maior grupo de apoio dele são os evangélicos. Lembre-se: não fomos nós que pedimos isso. Ele fala isso desde a campanha eleitoral”, observou o pastor da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.

Bolsonaro promete nomear um ministro “terrivelmente evangélico” para o Supremo desde julho de 2019, durante evento com a bancada evangélica no Congresso. “O Estado é laico, mas nós somos cristãos. Ou, para plagiar minha querida Damares (Alves, ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos): nós somos terrivelmente cristãos. E esse espírito deve estar presente em todos os Poderes. Por isso, meu compromisso: poderei indicar dois ministros para o Supremo Tribunal Federal; um deles será terrivelmente evangélico”, disse.

No entanto, o primeiro que ele nomeou para o STF foi Kassio Nunes Marques, que é católico, na vaga do ex-ministro Celso de Mello.

Bolsonaro também já tinha prometido uma vaga no tribunal ao ex-ministro Sérgio Moro, quando lhe interessava parasitar a imagem do ex-juiz da Lava Jato. Depois Moro se afastou de Bolsonaro, denunciando suas pressões e interferências para demitir, sem nenhuma razão pública, o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo.  

Também disputam a vaga no STF o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Humberto Martins, apoiado pelo senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ).

Flavio Bolsonaro é investigado pelo esquema de rachadinha (confisco de salários de assessores e funcionários) quando era deputado estadual no Rio de Janeiro.

Recentemente, Flavio Bolsonaro foi beneficiado com uma decisão do STJ. Em fevereiro, a 5ª Turma do Superior Tribunal de Justiça anulou a quebra de sigilo fiscal de Flavio na investigação do caso da rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), a pedido da defesa do senador.

André Mendonça é da Igreja Presbiteriana Esperança de Brasília

O ministro Marco Aurélio Mello já formalizou a data para se aposentar. Em ofício enviado à presidência do STF, Marco Aurélio marcou a saída para 5 de julho, sete dias antes de completar 75 anos, quando terá decretada a sua aposentadoria compulsória.

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