Quanto mais se privatiza, pior e mais caro o setor elétrico nacional fica
Um apagão deixou o país sem energia elétrica na tarde desta quarta-feira (21). A queda de energia se iniciou às 15h48min e só foi completamente restabelecida às 19 horas. Mais de 2 mil municípios de 14 estados do Norte e Nordeste do país sofreram com a interrupção total de fornecimento de energia.
Também houve registro de falta de energia em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal.
A notícia que poderia ser dos anos 2000, durante os últimos anos de FHC, é dada agora, num momento em que o governo Temer conduz o processo de desmonte do sistema Eletrobrás, na tentativa de privatizar a estatal e inicia um novo tarifaço das contas de luz da população, para agradar as multinacionais proprietárias das distribuidoras.
Segundo o governo, as causas do apagão ainda estão sendo investigadas. Em entrevista coletiva, o ministro das Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, afirmou que houve uma falha na linha de transmissão que liga a Usina de Belo Monte ao sistema, o que causou o apagão. Segundo ele, essa linha foi programada para operar em uma potência maior.
Pouco depois da declaração, Coelhinho se retirou da entrevista para, segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB), “coordenar o trabalho de recuperação do sistema”. A explicação então ficou a cargo de Padilha, que garantiu que o governo estava fazendo tudo para controlar a situação. “Ontem era melhor que hoje e agora é melhor do daqui pouco”, afirmou.
Logo em seguida, Fernando Coelho Filho foi visto na cerimônia de filiação ao PMDB, partido pelo qual pretende ser candidato a deputado federal por Pernambuco.
COLAPSO
Em entrevista coletiva no início da noite da quarta, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Luiz Eduardo Barata Ferreira, disse que a falha ocorreu em um disjuntor na subestação Xingu, no Pará. O problema causou “pequena perturbação” nos sistemas do Sul, Sudeste e Centro-Oeste, mas provocou um “colapso”, com “repercussão bem mais acentuada”, nos sistemas do Norte e Nordeste.
“A partir dessa interrupção [após a falha], nós tivemos a separação dos sistemas Norte e Nordeste dos sistemas das regiões Sul e Sudeste, o que provocou um excesso de geração na Região Norte e levou à desconexão dos sistemas das regiões Norte e Nordeste. O Brasil tem todo o país interligado, a exceção do estado de Roraima. Neste evento, o que ocorreu foi uma separação dos sistemas Norte e Nordeste e Sul e Sudeste”, disse.
DESLIGAMENTO
Com exceção de Roraima e do Acre, que não estão ligados ao sistema de transmissão brasileiro, todos os estados do Norte e Nordeste tiveram interrupção total da energia. De acordo com as distribuidoras de energia locais, 2.049 cidades foram afetadas nos 14 estados. O número representa 93% do total de municípios (2.204) desses estados.
O apagão atingiu todos os municípios dos estados do Rio Grande Norte, da Paraíba, do Maranhão, de Pernambuco, do Ceará, de Sergipe, da Bahia, do Piauí, do Tocantins e do Pará.
Segundo nota do ONS, a queda de energia no restante do país foi programada e São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, tiveram a derrubada de energia. “Em consequência da perda de carga, entrou em funcionamento o primeiro estágio do Esquema Regional de Alívio de Carga do Sistema Sul, Sudeste e Centro-Oeste, com corte automático de consumidores, no montante de 4.200MW”, diz o comunicado.
ÁGUA
O abastecimento de água foi interrompido em toda a Paraíba após o apagão. De acordo com a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa), as estações de abastecimento pararam de funcionar com o apagão e o serviço só começaria a ser normalizado após o restabelecimento total de energia.
Segundo a Cagepa, todas as estações de fornecem água na Paraíba foram atingidas pela pane. O órgão informou que, mesmo que o abastecimento de energia retornasse completamente no Estado ainda nesta quarta, o fornecimento de água só deve retornar em sua totalidade a partir da noite de quinta-feira (22) por causa do lento processo de religamento das estações.