A ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), afirmou que Jair Bolsonaro pediu dinheiro aos Estados Unidos para “criar uma milícia na Amazônia, uma espécie de paramilitares”, ao invés de fortalecer ações de combate ao desmatamento.
O ministro do Meio Ambiente de Bolsonaro, Ricardo Salles, informou que pediu aos Estados Unidos US$ 1 bilhão para colocar a Força Nacional na Amazônia.
“Se ele quisesse conversar sério, era para fortalecer o Ibama, o ICMBio, o processo de monitoramento, fortalecer o orçamento do Ministério do Meio Ambiente, e não recursos para colocar uma força militar. Isso é o sonho dele de ter o controle militar da Amazônia para implementar projetos vetores de desmatamento”, disse a ex-senadora Marina Silva.
“Ele vai tentar criar uma força militar que não tem competência técnica, que não terá a devida orientação política e ética”, continuou.
Marina também avaliou que o discurso de Jair Bolsonaro na Cúpula do Clima, convocada pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, foi na “defensiva” e que ele mentiu para o restante dos países por conta da “ausência de qualquer ação concreta e efetiva” de seu governo.
“Geralmente as pessoas falam inverdades para os outros, mas o presidente Bolsonaro foi [para a Cúpula] falar inverdades para ele mesmo, porque só ele acredita no que diz”, apontou.
“Ninguém acredita que ele está fortalecendo o Ibama, que irá aumentar os recursos da gestão ambiental e muito menos que tem pretensão de reduzir o desmatamento”.
Com o avanço das queimadas e do desmatamento na Amazônia, a posição de liderança mundial do Brasil na preservação ambiental foi perdida.
Para Marina, “o Brasil não é o problema”. “Quem transformou o Brasil no problema foram os retrocessos que começaram em 2012, que depois foram aprofundadas pelo governo de Michel Temer e agora foram à situação de completo descontrole, desmantelamento e desgovernança pelo governo Bolsonaro”.
A Força Nacional já atua na Amazônia desde 2020, através de uma Garantia da Lei e da Ordem (GLO). Ainda assim, Ricardo Salles afirmou que precisa de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,5 bilhões) para ampliar a presença militar.
“Para escalar o volume de equipes e de batalhões ambientais que nós queremos com a Força Nacional, é preciso ter recursos adicionais porque, além das diárias e do pagamento pela logística, você tem ali também custos bastante elevados de deslocamento, então, os recursos em parte é (sic) para suprir essa ação”, disse o ministro.