“Essa postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia”, denunciou João Doria
As declarações feitas por Jair Bolsonaro em entrevista no Amazonas, na última sexta-feira, 23, de que as Forças Armadas podem ir às ruas para, segundo ele, “acabar com essa covardia de toque de recolher”, não ficaram sem resposta. O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu afirmando que “a postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia”.
Na entrevista em que ameaçou as autoridades que enfrentam a pandemia com ações recomendadas pelas autoridades sanitárias, Bolsonaro voltou a criticar as medidas de restrição adotadas pelos governadores para conter o coronavírus e a defender o uso da cloroquina, remédio ineficaz contra a Covid-19.
Ele apareceu também numa foto segurando um cartaz com o símbolo dos grupos de extermínio do Amazonas (Foto abaixo). O “CPF cancelado”, que aparece nas mãos de Bolsonaro e Siquera Jr., é a senha para a comemoração de mais uma pessoa que foi executada pelas milícias armadas da região.
Durante e entrevista, ele disse que pretende “entrar em campo se tivermos problemas”. Aí usou o cargo de chefe supremo das Forças Armadas para fazer bravatas. “Se precisar, iremos às ruas, não para manter o povo dentro de casa, mas para restabelecer todo o artigo 5.º da Constituição”, disse ele. Mais uma vez fez uso de sua interpretação oportunista e equivocada do artigo 142 da Constituição para ameaçar os governadores e o país com suas pretensões golpistas.
“Ele (o presidente) selou um pacto com a morte que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos”, acrescentou João Doria, ao destacar que o principal responsável pela tragédia, pelo número descontrolado de mortes e pela crise social é exatamente a inação do governo federal, tanto no atraso na compra de vacinas, nos ataques às medidas de contenção do vírus, quanto na retenção de recursos para a ajuda emergencial.
Outro governador que reagiu à provocações de Bolsonaro foi o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Ele lembrou que a conduta dos governadores está de acordo com o que diz a Constituição. “Bolsonaro insiste em afrontar o Supremo, que já decidiu que as três esferas de governo podem e devem atuar contra o coronavírus. E também reitera essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados, que não existe na Constituição”, denunciou Flávio Dino.
Flávio Dino também reitera que essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados não existe na Constituição. “Ele deveria se dedicar mais ao trabalho e abandonar essas insanidades”, assinalou o governador.
O vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), também criticou o presidente por tentar tirar o foco da compra de vacinas. “Se o presidente quer que abra o comércio, é só ele vacinar mais rápido. É só dar conta de cumprir a responsabilidade dele, que é comprar vacina”, disse Ramos. “Ele (Bolsonaro) não tem que bater em governadores, tem que comprar vacina. Eu não falo com presidente sobre outra coisa que não seja vacina, kit de intubação e oxigênio”, acrescentou o deputado.
O líder da oposição na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), também rebateu a fala de Bolsonaro. Ele ressaltou que, desde o início da pandemia, o presidente “sabotou as medidas restritivas” e tentou jogar a população e as Forças Armadas contra governadores e prefeitos. Para ele, Bolsonaro é o principal fator para que o “caos se instale no país”. “Mais uma vez, Bolsonaro viola os deveres e limites de seu cargo e afronta a Constituição. Já passou da hora de o Congresso processá-lo por seus crimes de responsabilidade. Enquanto não se fizer isso, ele vai continuar agindo assim”, afirmou Molon.
Para membros da cúpula militar, Bolsonaro confunde conceitos e usa sua posição de comandante-em-chefe da Forças Armadas em seu jogo político rasteiro para pressionar adversários e governadores que lutam contra o vírus e não aceitam o negacionismo do Planalto. Bolsonaro já havia provocado contrariedade entre os militares quando tentou obrigar o então ministro da Defesa, general Fernando Azevedo, a apoiar as suas aventuras golpistas.
O resultado desse desatino e do desrespeito com que ele tratou o ministro da Defesa levou três comandantes militares se solidarizarem com o general Fernando Azevedo, pedindo a demissão de seus cargos. Todos eles, ao saírem, fizeram questão de reafirmar que as Forças Armadas são instituições de Estado e não de governo. A atitude dos militares foi vista como uma clara baliza às ações do Planalto tentando envolver as três forças em suas ideações alucinadas e autoritárias.
a escória da escória. a foto por si só já revela o baixo NÍVEL dessa CORJA.