“A morte de tantos brasileiros não o sensibiliza”, acrescentou o senador, ao criticar a foto em que Bolsonaro aparece segurando um símbolo da festa que os grupos de extermínio do Amazonas fazem após cada assassinato
É crescente o repúdio nos meios políticos do país às ameaças que Bolsonaro fez aos governadores em sua passagem pelo Amazonas. As críticas também se dirigiram à apologia que ele fez dos grupos de extermínio do Amazonas. Bolsonaro aparecer numa foto segurando um cartaz com os dizeres “CPF Cancelado”, um conhecido símbolo de comemoração dos assassinatos realizados por essas milícias armadas que atuam na região norte.
“Sem dúvida, o presidente tem alma perversa. Nunca visitou um hospital. A morte de tantos brasileiros ainda não o sensibilizou a ter um gesto de solidariedade”, afirmou o senador Otto Alencar (PSD-BA).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), reagiu afirmando que ele (o presidente) selou um pacto com a morte que só não é maior no Brasil por conta da ação de governadores e prefeitos. “A postura demonstra mais uma vez o quanto Bolsonaro tem devoção pelo autoritarismo e alergia à democracia”, acrescentou o governador paulista.
Todo o Brasil está ansioso e não pensa em outra coisa a não ser vencer o mais rapidamente possível a pandemia que já levou à morte mais de 390 mil pessoas. A vacinação está em ritmo muito lento enquanto as mortes não param de subir. Por conta dos atrasos do governo em contratar a compra das vacinas, o quadro vem se agravando. Bolsonaro sabotou a compra dos imunizantes. Agora, ao invés de fazer aquilo que o país inteiro espera, que é correr atrás das vacinas, ele segue atacando os governadores, desdenhando as mortes, minimizando a falta de vacinas e ameaçando o país com suas ideações golpistas.
“Bolsonaro e parcelas de seu ‘distinto’ ministério, em vez de se dedicarem às vacinas, à retomada econômica e ao combate ao coronavírus, posam desavergonhadamente em um programa policialesco, fazendo apologia ao extermínio. Já não surpreende: este é um governo cuja bandeira principal é abertamente a morte e a arruaça. Causa repugnância”, afirmou o senador Fabiano Contarato (Rede-ES). “Coisa de gente escrota e genocida mesmo”, acrescentou Beto Albuquerque, vice-presidente nacional do PSB.
Outro governador que reagiu à provocações de Bolsonaro foi o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Ele lembrou que a conduta dos governadores está de acordo com o que diz a Constituição. “Bolsonaro insiste em afrontar o Supremo, que já decidiu que as três esferas de governo podem e devem atuar contra o coronavírus. E também reitera essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados, que não existe na Constituição”, denunciou Flávio Dino.
Flávio Dino também reitera que essa absurda ameaça de intervenção militar contra os Estados não existe na Constituição. “Ele deveria se dedicar mais ao trabalho e abandonar essas insanidades”, assinalou o governador.
O deputado Júnior Bozzella, vice-presidente nacional do PSL, também repudiou o comportamento de Bolsonaro no Norte do país. “Esses ministros só provaram que são um bando de ególatras e tarados pelo poder. Tem que ser muito sem vergonha para aceitar ser ministro neste governo: é rasgar a biografia e transformar o currículo em ficha corrida. Vergonha!”, disse ele.
“390 mil brasileiros mortos e o capacho do ministro da Saúde posando p/ foto com o presidente fazendo piada com CPF cancelado. Podridão”, denunciou o deputado Marcelo Freixo (Psol-RJ). Enquanto isso a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) afirmou que a fotografia “é muito mais grave do que parece”. “Bolsonaro não apenas ironiza mortes. A placa ‘CPF Cancelado’ é usada por grupos pró-violência e extermínio policial. Ou seja: Bolsonaro defende publicamente essas práticas”, disse.
O líder da oposição na Câmara, deputado federal Alessandro Molon (PSB-RJ), também rebateu a fala de Bolsonaro. Ele ressaltou que, desde o início da pandemia, o presidente “sabotou as medidas restritivas” e tentou jogar a população e as Forças Armadas contra governadores e prefeitos.
Para ele, Bolsonaro é o principal fator para que o “caos se instale no país”. “Mais uma vez, Bolsonaro viola os deveres e limites de seu cargo e afronta a Constituição. Já passou da hora de o Congresso processá-lo por seus crimes de responsabilidade. Enquanto não se fizer isso, ele vai continuar agindo assim”, afirmou Molon.