“Não recebemos amostras da vacina para teste […]. Então, precisa ficar claro, não fizemos teste para adenovírus replicado”, afirmou Gustavo Santos, Gerente-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, ao admitir erro da Agência
A fabricante da vacina Sputnik V declarou nesta quinta-feira (29) que está iniciando uma reclamação legal na Justiça brasileira por difamação contra a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil por espalhar informações falsas sobre o imunizante russo.
A direção da Avisa decidiu na segunda-feira (26) vetar a importação da vacina Sputnik V com o argumento de que a vacina possuía adenovírus replicantes em sua composição. A informação foi considerada mentirosa pelos fabricantes da vacina que acrescentaram que a agência brasileira espalhou essa informação falsa sem fazer qualquer teste no imunizante.
Na segunda-feira (26), o vice-diretor de pesquisa científica do Centro Nacional de Pesquisa de Epidemiologia e Microbiologia Gamaleya, fabricante da vacina, Denis Logunov, destacou que a Federação da Rússia realiza o controle de série de tudo que é produzido pelo Centro Gamaleya e por outros fabricantes.
Ainda segundo Denis Logunov, nenhum controle tem informação de que a vacina possui adenovírus replicante, e a Anvisa não solicitou protocolos de controle de qualidade consolidados.
“Ou seja, não houve nenhuma discussão sobre […] conteúdo específico de partículas replicantes no medicamento. É importante dar atenção e dizer que a declaração que pelo menos eu vi na imprensa, com certeza, não tem nada a ver com a realidade“, afirmou Logunov. Em resposta às notícias falsas que estão circulando a partir do relatório incorreto da Anvisa, o Instituto Gamaleya divulgou nota que confirma que na Sputnik V E1 foi excluído e não há RCA presente.
Nesta quinta-feira (29), o fabricante do imunizante citou em sua conta no Twitter as palavras do Gerente-Geral de Medicamentos e Produtos Biológicos da Anvisa, Gustavo Mendes Lima Santos, que foi obrigado a reconhecer publicamente que a agência brasileira cometeu um erro. Gustavo Mendes afirmou que “não recebemos amostras da vacina para teste […]. Então, precisa ficar claro, não fizemos teste para adenovírus replicado.”
Na terça-feira (27), o Fundo Russo de Investimentos Diretos (RFPI, na sigla em russo) afirmou que acredita que a decisão da Anvisa de não aprovar a importação da vacina russa contra COVID-19 seja de natureza política.
“A decisão da Anvisa de adiar o registro da Sputnik V pode ser motivada politicamente. Isso é confirmado pelos dados do relatório do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos de 2020, que fala abertamente dos esforços do departamento de pressionar as autoridades brasileiras e forçá-las a recusar a compra da vacina russa”, enfatizou o RFPI.
A vacina russa Sputnik V contra a COVID-19 foi o primeiro imunizante contra o novo coronavírus a ser registrado, em agosto de 2020. O imunizante já é usado em mais de 60 países de diferentes continentes, com uma população de três bilhões de pessoas. De acordo com resultados de estudos clínicos publicados em fevereiro na revista médica The Lancet, a Sputnik V tem eficácia de 91,6%.