Mais de 200 pessoas protestaram diante da prefeitura de Sacramento, na Califórnia, nesta sexta-feira (23) para repudiar o assassinato com 20 tiros pela polícia do jovem negro de 22 anos, Stephon Clark, pai de dois filhos, no domingo, que estava na casa dos avós, onde morava. Na quinta-feira, a divulgação – obrigatória por lei – do vídeo da “ação policial’ causou comoção e indignação, ao mostrar que Clark estava desarmado, enquanto a polícia passou a alegar ter confundido o celular em sua mão “com uma arma”. O vídeo viralizou na internet.
A polícia estaria investigando denúncia de que um homem estaria quebrando vidros de carros e janelas na rua. O vídeo mostra ainda que, assim que se torna evidente o assassinato, um oficial manda os outros policiais desligarem os microfones das câmeras pessoais, o que só pode significar a tentativa de combinar histórias. Os filhos de Clark são um bebê de um ano e um menino de três. Com punhos erguidos, os manifestantes bloquearam avenidas e exigiram a apuração rigorosa do crime e o fim da impunidade dos policiais assassinos de negros desarmados. O ato foi convocado pelo movimento Black Lives Matter (“Vidas de Negro Importam”), por religiosos e outros ativistas anti-racismo.
“Nós estamos em uma situação de profunda dor por causa da violência direcionada aos negros em Sacramento ou em qualquer lugar”, afirmou o reverendo Les Simmons no protesto. Clinton Primm, amigo do homem morto, lembrou que Clark “era um grande pai e adorava os filhos”. Desde 2014, ganharam notoriedade nos EUA os assassinatos de negros desarmados por policiais, que quase sempre ficam impunes.
As imagens divulgadas mostram que os dois policiais não se identificaram quando começaram a perseguir Clark em seu próprio quintal, gritaram “mostre-me suas mãos” e, quase ao mesmo tempo, “arma”, enquanto abriam fogo. É possível ver que Clark não estava ‘avançando em direção aos policiais’ – que é o pretexto comumente utilizado – mas apavorado e desorientado. Os primeiros tiros o atingem e ele cai no chão de barriga para baixo, imóvel, enquanto continua a saraivada de tiros.
O corpo inerte é mantido sob mira de arma por mais seis minutos e não foi feita qualquer tentativa de prestar socorro. O cadáver chegou depois a ser algemado, antes de oficialmente declarado morto. Os avós e a irmã mais nova de Clark estavam dentro de casa na hora da invasão e assassinato. O uso de câmeras pessoais pelos agentes policiais e divulgação obrigatória em até 30 dias dos vídeos de ações controversas se tornou lei em Sacramento após, em 2016, policiais matarem com 18 tiros Joseph Mann, um homem negro desarmado e mentalmente doente.