O agravamento da pandemia e o corte do auxílio emergencial trouxeram consequências para o comércio varejista que, em março, voltou a cair. De acordo com a pesquisa mensal do setor divulgada nesta sexta-feira (7) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas recuou 0,6% sobre fevereiro, fazendo com que o segmento retornasse à níveis inferiores à pandemia.
Segundo o Ibge, no mês de janeiro as vendas variaram em torno de zero (0,5%) e a queda em fevereiro é o terceiro resultado negativo nos últimos quatro meses. O varejo, que no mês anterior se encontrava 0,3% acima do patamar pré-pandemia, em março ficou 0,3% abaixo dele. Com o resultado de março, as vendas registram queda de 0,6% no primeiro trimestre e alta de 0,7% no acumulado dos 12 meses.
No mês referente à pesquisa, o Brasil se destacava como o epicentro mundial da pandemia do novo coronavírus. O comércio varejista, para além da restrição de circulação imposta pela vacinação em ritmo lento, sofre as consequências do desemprego, falta de renda e inflação – cenários atuais do país em crise.
Entre as oito atividades pesquisadas pelo IBGE, sete delas tiveram recuo em março – sendo o setor de móveis e eletrodomésticos o mais impactado, com recuo de 22% nas vendas em um mês.
O único setor que apresentou alguma reação em março foi o de supermercados, com crescimento de 3,3% no volume de vendas. Cristiano Santos, gerente da pesquisa, explica que a inflação elevada do último período estava prejudicando o desempenho do setor, o que facilita a alta na base de comparação. Segundo ele, a migração do perfil de consumo das famílias – que deixaram de gastar pela dificuldade de circulação – para o consumo de itens essenciais, também explica o movimento.
Varejo ampliado recua 5,3%
No chamado varejo ampliado, que inclui no rol da pesquisa a venda de veículos e materiais de construção, a queda em março foi intensa, de 5,3%. Houve perdas de 20% nas vendas de veículos e de 5,3% na venda de materiais de construção.