A partir de dados dos setores da indústria, serviços e comércio de 14 estados brasileiros, a Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) produziu um estudo “O impacto regional da pandemia nos três grandes setores econômicos”, que aponta que a atividade econômica do país caiu 6,7% de março de 2020 a fevereiro de 2021. O período equivale aos 12 meses completos de pandemia.
Detalhando o impacto da crise por região, a Firjan completa que os 14 estados pesquisados representam, juntos, 87,8% do Produto Interno Bruto (PIB – a soma de todos os bens e serviços produzidos no país) nacional.
Serviços
A Firjan aponta que o setor de serviços caiu 8,3% em . As empresas do segmento ficaram completamente desamparadas e sem apoio do governo para atravessar a crise.
Nos estados cuja atividade econômica é predominantemente dependente dos serviços, a retração foi maior. O setor na Bahia e Ceará, por exemplo, retraiu 16,2% e 15,3%, respectivamente.
“Os estados que têm atividade de serviços mais forte dentro da sua produção, do seu PIB, acabaram tendo mais bens impactados e sofrendo mais os revezes da pandemia do novo coronavírus, ao passo que os estados que têm indústria mais forte acabaram sofrendo menos”, afirmou o economista Jonathas Goulart, gerente da pesquisa.
No Rio de Janeiro, onde o setor tem peso de quase 70% no PIB, a queda foi de 8,6%. “São estados que têm atividade de turismo também muito forte”, destacou o economista.
Além da Bahia, do Ceará e do Rio de Janeiro, foram avaliados os resultados do Rio Grande do Sul (-13%), Pernambuco (-14,6%), Espírito Santo (-7%), São Paulo (-8,1%), Paraná (-10,6%), Goiás (-7,2%), Minas Gerais (-5,2%), Mato Grosso (-2,2%), Santa Catarina (-2,9%) e Pará (-0,7%).
Indústria
Conforme análise de Goulart, os estados que mantém parques industriais sofreram menos as consequências da crise. Mas isso não significa que o setor produtivo, também desamparado e impactado pela queda na demanda, não tenha apresentados resultados negativos. A nível nacional, o setor industrial recuou 4,2% no acumulado de março a fevereiro de 2021.
O recuou da atividade industrial foi sentido em 12 dos 14 estados pesquisados. As maiores quedas no setor industrial foram observadas no Espírito Santo (-13,9%) e na Bahia (-9,3%). Na Bahia, segundo Goulart, o estado sofreu muito com a queda da produção de veículos (-55,5% na taxa acumulada em doze meses até fevereiro de 2021), intensificada pelo fechamento da fábrica da Ford, em Camaçari.
Em São Paulo, onde está concentrado o maior e mais desenvolvido parque industrial do país, a queda foi de 5,1% – acima da média nacional.
Segundo o economista, a indústria no Rio de Janeiro, em especial a indústria extrativa, conseguiu manter a trajetória de produção, “mesmo em ano de pandemia”. Isso fez com que a atividade industrial do estado impedisse uma queda maior da atividade econômica no estado. A atividade industrial caiu 2,1% no estado, nos 12 meses analisados, metade da queda registrada para o setor no Brasil.
Comércio
A atividade de comércio sofreu queda de 1,9% de março a fevereiro, com resultados negativos na metade dos estados analisados: Bahia (-8,5%), Rio Grande do Sul (-6,7%), Ceará (-5,7%), São Paulo (-4,4%), Rio de Janeiro (-4,2%), Goiás (-3,1%) e Paraná (-1,2%).
Para a Firjan, diante do comportamento crítico da atividade econômica nos estados analisados, a velocidade e o sucesso do programa de imunização contra a Covid-19 são fundamentais para que o país consiga superar a crise gerada pela pandemia.