“R$ 250 de auxílio emergencial não compram a mesma quantidade de alimentos que compravam há um ano”
O preço médio da cesta básica subiu em 15 capitais de março para abril, custando mais de R$ 600 em pelo menos cinco capitais. As informações são da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, realizada mensalmente em 17 cidades pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
O conjunto de alimentos básicos para a alimentação de um adulto em um mês chegou a R$ 634,53 em Florianópolis que, dentre as cidades pesquisadas, teve em abril a cesta mais cara. Em São Paulo o valor chegou a R$ 632,61 e, em Porto Alegre, a R$ 626,11. O menor custo ficou com a cesta básica de Salvador, em R$ 457,56.
O trabalhador remunerado com piso mínimo nacional compromete em média 54% de seu salário para comprar os alimentos básicos para uma pessoa adulta.
A realidade é mais perversa para os brasileiros que ficaram sem emprego e renda durante a pandemia. O Dieese destaca que as parcelas do auxílio emergencial de R$ 600 pagas no ano passado foram fundamentais para a manutenção da renda das famílias, em especial em um momento de carestia.
O retorno do programa em 2021, após três meses de sufoco, passou a transferir aos trabalhadores sem renda em média R$ 250,00 – valor insuficiente para bancar os gastos mínimos com a alimentação.
“Se a gente pegar a inflação dos alimentos, eles subiram mais de 15% num espaço de um ano, mas com alguns alimentos elevando muito seu preço, que foi o caso do arroz, do feijão, do óleo de soja. Então, quando a gente pega elementos muito básicos da cesta básica dos trabalhadores em geral, os próprios R$ 250 não compram a mesma quantidade de alimentos que compravam há um ano. Isso é muito aquém da necessidade para manutenção de uma segurança alimentar, que deveria ser o objetivo do auxílio emergencial”, afirmou o diretor-técnico do Dieese, Fausto Augusto Júnior.
Comparando o custo da cesta de hoje com o de um ano atrás, o Dieese observou aumento de mais de 20% no preço do conjunto de alimentos básicos em algumas capitais neste um ano pandemia – período em que a renda, em movimento contrário ao da inflação de alimentos, despencou. É o caso de Brasília (+24,65%), Florianópolis (+21,14%), Porto Alegre (+18,80%) e Campo Grande (+18,27%).
Com base nas análises de custo de vida, o Dieese estima que o salário mínimo necessário para uma vida digna de uma família de quatro pessoas deveria ser equivalente a R$ 5.330,69 – valor que corresponde a 4,85 vezes o mínimo vigente, de R$ 1.100.