A detenção do ex-presidente da Catalunha, Carles Puigdemont, pela polícia alemã no domingo (25), no seu caminho da Finlândia para a Bélgica, provocou uma ampla reação dos catalães, que em manifestação, saíram às ruas de Barcelona denunciando a perseguição do governo espanhol e da União Europeia contra o líder independentista.
“Apelamos à opinião pública alemã de forma a lembrar” que a perseguição a Puigdemont “é muito grave. São fatos que merecem a condenação absoluta da União Europeia”, afirmou ao site “El Periódico” a presidente da organização “Assembleia Nacional Catalã”, Elisenda Paluzie, durante a manifestação que reuniu mais de 50 mil pessoas. Para ela, é “intolerável que existam presos políticos na União Europeia em decorrência da organização de um referendo”.
Na Espanha, contra Puigdemont, pesam acusações por insubordinação, rebelião e fraude. Se considerado culpado, sua pena pode chegar a 25 anos de prisão. De acordo com a justiça, seu crime foi defender o separatismo catalão e organizar um referendo sobre a independência da região. O movimento ganhou peso na Catalunha na medida em que o governo espanhol afundou o país no ajuste imposto pela Troika (FMI, BC Europeu e União Europeia), disseminando o desemprego e os cortes aos direitos sociais da população para sustentar os mega-lucros dos bancos.
As manifestações contaram com milhares de pessoas reunidas em toda a região da Catalunha e, em Barcelona, a violência policial deixou cerca de 100 feridos. Mesmo entre os manifestantes, havia os contrários a independência da região, conforme defendido por Puigdemont, mas que consideram um absurdo a perseguição do governo espanhol, que emitiu um mandato de prisão contra o ex-presidente, e seis ordens de detenção junto aos europeus.
A visita de Puigdemont à Finlândia se deu enquanto este buscava dialogar com os legisladores do país sobre as demandas de seu movimento. Porém, ele foi obrigado a retornar com urgência à Bélgica, onde vive em exílio, após as autoridades finlandesas confirmarem o recebimento de seu pedido de extradição por parte do governo espanhol. “A Espanha solicitou a extradição de seu cidadão, que atualmente está visitando a Finlândia”, informou o Departamento Nacional de Investigação da Finlândia em um comunicado emitido no sábado.
Com sua detenção pelas autoridades alemãs, sua extradição para a Espanha pode se arrastar pelos próximos três meses. Para seu advogado, Jaume Alonso Cuevillas, trata-se de uma situação delicada.