Em uma videoconferência com advogados, no sábado (22), o presidente da CPI da Pandemia, senador Omar Aziz (PSD-AM), anunciou que o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, deve ser convocado para prestar novo depoimento.
O requerimento para novo depoimento vai ser votado na quarta-feira (26). O presidente da CPI espera que desta vez seja sem autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) para ficar calado sobre pontos importantes da crise na pandemia, como a falta de oxigênio em Manaus (AM).
“Ele estava com habeas corpus debaixo do braço que permitia que ele falasse o que quisesse que nada poderia acontecer com ele. Por isso que ele está sendo reconvocado. Ele defendeu o Bolsonaro como se tivesse defendendo o filho dele. Talvez um pai não mentisse tanto pelo filho como o Pazuello mentiu pelo Bolsonaro”, dafirmou Omar Aziz.
A CPI verificou que Pazuello expôs mentiras e contradições em seus depoimentos. Especialmente ao falar das negociações pela aquisição da vacina Pfizer, quando ele caiu em contradição com o depoimento do executivo da Pfizer, Carlos Murilo, e também com documentos enviados à comissão.
Outro momento absurdo foi quando o ex-ministro da Saúde disse que o pior momento da crise de abastecimento de oxigênio em Manaus durou apenas três dias. E foi desmentido pelo senador Eduardo Braga (MDB-AM) que disse que a crise demorou 20 dias.
“Você observa claramente a curva da White Martins e os três dias onde ela cai. Esse V de queda são três dias, 13, 14 e 15, considerando que 15 ela começa a ficar positiva no seu estoque regulador. Ela começa a refazer o estoque regulador e volta novamente a atender a demanda completa”, disse Pazuello em depoimento.
“Presidente, é preciso dizer ao povo brasileiro, sob pena de nós estarmos aqui sendo coniventes com uma informação errada – desculpe a expressão –, mentirosa: não faltou oxigênio no Amazonas apenas três dias, pelo amor de Deus! Ministro Pazuello, pelo amor de Deus! Faltou oxigênio na cidade de Manaus mais de 20 dias. É só ver o número de mortos. É só ver o desespero das pessoas”, disse o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
Em outro momento, Pazuello negou que tivesse recebido ordem para cancelar a compra de doses da CoronaVac. “Nunca o presidente da República mandou eu desfazer qualquer contrato, qualquer acordo com o Butantan”.
Em outubro do ano passado, depois que Pazuello anunciou a intenção de comprar 46 milhões de doses, Jair Bolsonaro disse que o contrato para comprar a CoronaVac não seria efetivado.
“Já mandei cancelar, o presidente sou eu, não abro mão da minha autoridade, até porque estaria né comprando uma vacina que ninguém está interessado por ela, a não ser nós”, disse Bolsonaro.
Alguns senadores da CPI defendem que o novo depoimento de Pazuello seja marcado para daqui a mais ou menos um mês, para dar tempo de ouvir antes outros ex-integrantes do governo, analisar documentos e aprovar o requerimento que pede a quebra do sigilo telefônico e de dados do ex-ministro.