O governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB) prestou depoimento na 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, nesta segunda-feira (2), como testemunha de defesa do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB). O depoimento foi referente ao processo de organização de cartel na licitação do “PAC das Favelas”.
O governador disse ao juiz Marcelo Bretas, se considerar amigo íntimo de Sérgio Cabral, e negou que tenha feito o favorecimento de empresas durante a gestão do ex-governador. Quando questionado sobre a formação de cartel nas obras do governo do estado, Pezão afirmou que, apesar de, na época ocupar o cargo de secretário de Obras, não analisava os recursos, e sim os funcionários da pasta.
“Eu só assinava no final. O órgão que cuidava das licitações era subordinado ao subsecretário Hudson Braga […] [Tinha] Confiança plena nas pessoas e nos técnicos que estavam ali embaixo. Hudson e outros três, quatro subsecretários, todos subordinados a mim. Um mais ligado à infraestrutura, outro a saneamento, outra a habitação. Eu atuava mais como coordenador, fazendo a ligação com Brasília. Vencendo as burocracias, junto da ex-presidente Dilma, à época na Casa Civil, para tocar as obras”, declarou.
Pezão também disse que o governo do estado está fazendo auditorias nas obras do PAC das Favelas e de reforma do Maracanã. Auditoria da CGU apontou que as obras tiveram um sobrepreço de 20%, e custaram R$ 1,1 bilhão.
Quem comanda as auditorias do governo é o presidente da Empresa de Obras Públicas do Rio (Emop), Icaro Moreno, réu no processo no mesmo processo, que justamente apura o cartel e a fraude nas licitações dessas obras.
Apesar disso, Pezão não vê problemas em Moreno ser o responsável pelas auditorias. “Ele (Icaro) é dedicado, tem consciência do que fez. Ele é um técnico super íntegro de mais de 35 anos de serviço público”, declarou Pezão.
Esse é o terceiro depoimento que Pezão presta como testemunha de defesa de Cabral, ele já havia falado ao juiz Sergio Moro, em Curitiba, e outra vez a Bretas, no Rio.
Ao sair do depoimento, o governador disse que a condenação de seu antecessor foi “excessiva”, e que acredita que Cabral irá conseguir reduzir as penas após recorrer às instâncias superiores. Cabral responde a 14 inquéritos pelos crimes de corrupção, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro entre outros, e já foi condenado em dois deles. Por enquanto, a soma das penas é de 59 anos e 4 meses.