33,2 milhões buscam trabalho e não encontram, diz IBGE
O desemprego no país atingiu 14,8 milhões de pessoas no primeiro trimestre de 2021, informou a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad – Contínua) divulgada na manhã desta quinta-feira (27) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados da pesquisa apontam para um cenário muito diferente da “recuperação e resiliência” do mercado de trabalho anunciados pelo ministro Paulo Guedes às vésperas: tanto a taxa de desocupação, quanto o número de brasileiros desocupados é recorde histórico. Do outro lado, o contingente de pessoas ocupadas nunca esteve tão baixo.
Segundo a Pnad Contínua, o número de trabalhadores desocupados nos primeiros três meses de 2021 cresceu 6,8% em relação ao trimestre anterior (encerrado em dezembro do ano passado). Em números, isso significa que 880 mil pessoas passaram para a fila do desemprego.
Assim, a taxa de desocupação, usada como parâmetro oficial para medir o desemprego no país, atingiu também um recorde: 14,7%. No trimestre de outubro a dezembro, a taxa era 13,9%; no mesmo trimestre de 2020, no início da pandemia, a taxa era de 12,2%.
“Essa redução do nível de ocupação está sendo influenciada pela retração da ocupação ao longo do ano passado, quando muitas pessoas perderam trabalho. Em um ano, na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a população ocupada foi reduzida em 6,6 milhões de pessoas”, disse Adriana Beringuy, gerente da pesquisa.
Os números observados pelo IBGE mostram que, à medida que a desocupação cresce, a ocupação cai. Entre janeiro e março deste ano, o período mais agudo da pandemia em termos de casos e mortes por Covid-19, o contingente de brasileiros ocupados era de 85,7 milhões de pessoas – uma queda de 7,7% sobre o mesmo período de 2021.
Esse número traduzido em taxa de ocupação ficou em 48,4%, o que significa que menos da metade da população brasileira em idade de trabalhar não trabalha. Outro recorde nunca alcançado.
A diferença entre os dados de ocupação e desocupação se dá no fato de que a pesquisa apenas considera desocupado aqueles que efetivamente procuraram emprego nos dias antecedentes à pesquisa.
Quando adicionados os trabalhadores subutilizados e desalentados, o quadro do país se torna ainda mais dramático.
33,2 milhões procuram por emprego e não encontram
A taxa composta de subutilização – que inclui desocupados, subocupados e pessoas que não procuraram trabalho por diversos motivos no período da pesquisa – alcançou 29,7% da força potencial de trabalho do país. Esta população, em números, representa 33,2 milhões de pessoas e cresceu 3,7% ante o trimestre anterior e 20,2% ante o mesmo trimestre de 2020.
6 milhões no desalento
A população fora da força de trabalho atingiu, no período, 76,5 milhões de pessoas – um acréscimo de 9,2 milhões em um ano. A população desalentada, também a maior já identificada pela pesquisa, foi de 6 milhões de pessoas nos primeiros três meses do ano – um crescimento de 25,1% ante um ano atrás.
34 milhões de brasileiros desemparados na informalidade
A taxa de informalidade foi medida em 39,6% entre a população ocupada, o que significa que 34 milhões de brasileiros trabalhavam em situações precárias em estabilidade e rendimentos. Esse número caiu em relação aos informais do trimestre encerrado em março de 2021 dada as medidas de restrição de circulação necessárias para conter a pandemia.
“Como a gente vinha observando anteriormente, grande parte do avanço da ocupação vinha do crescimento da informalidade, o que não ocorreu neste trimestre. A taxa de informalidade ficou estável na comparação com o 4º trimestre de 2020, o que pode ajudar a explicar a estabilidade da ocupação”, destacou a pesquisadora do IBGE.
Apesar de na véspera o Cadastro Geral de Empregados e Desempregos (Caged) do Ministério da Economia ter registrado crescimento no saldo de trabalhadores com carteira assinada, a Pnad Contínua revela que, desde o ano passado, pelo menos 3,5 milhões de pessoas perderam seus empregos. De acordo com o IBGE, o número de empregados com carteira de trabalho assinada foi de 29,6 milhões de uma queda de 10,7% frente ao mesmo período de 2020.
PRISCILA CASALE