A Fundação Getúlio Vargas (FGV) divulgou na sexta-feira (28) o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) do mês maio que teve um aumento tenebroso de 4,10% sobre o mês de abril. Com esse percentual, o acumulado do índice do ano está em 14,39% e no acumulado dos últimos 12 meses explode em 37,04%.
Para uma comparação, em maio de 2020 o índice havia subido 0,28% e acumulava alta de 6,51% em 12 meses. O indicador bateu recorde no acumulado em 12 meses, registrando a maior alta em 25 anos.
Um dos efeitos mais danosos dessa explosão do IGP-M é sua aplicação nos aumentos anuais dos aluguéis. É incabível a correção de um aluguel por 37%. O índice do aluguel, como o IGPM também é conhecido, ganhou outro nome, o índice da discórdia.
Ainda que haja um reconhecimento da necessidade de não aplicar integralmente o índice, um terço dele, por exemplo, é algo de seis pontos percentuais a mais do já alto índice oficial da inflação, o Índice Geral de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 6,75% acumulado em 12 meses na posição de abril.
O aumento de preços, no caso do IGP-M, é resultado principalmente do aumento dos preços no atacado. Os assustadores percentuais do índice não foram contestados e nem poderiam ser por que fotografaram o infortúnio dos aumentos das commodities que já estão impactando nos preços aos consumidores.
O Índice de Preços ao Produtor Amplo foi influenciado, em maio, especialmente pelo minério de ferro com aumento de 20,64%. A cana-de-açúcar com 18,65%; o milho em grão mais 10,48%; soja em grão com variação de + 3,74% e carne bovina com um aumento de 5,04%.
“Os preços de commodities importantes voltaram a pressionar a inflação ao produtor. Em maio, o IPA avançou 5,23%, sob forte influência dos aumentos registrados para minério de ferro (de -1,23% para 20,64%), cana-de-açúcar (de 3,43% para 18,65%) e milho (de 8,70% para 10,48%). Essas três commodities responderam por 62,9% do resultado do IPA, cuja taxa foi de 5,23%”, afirma André Braz, Coordenador dos Índices de Preços.
O que estamos vendo é o reflexo das políticas de excluir o papel de regulação do governo no balizamento do mercado de produtos agrícolas, especialmente neste caso, nas commodities do agronegócio.
Com anuência de Bolsonaro, que fez questão de declarar que não ia fazer nada em relação aos aumentos desses preços, o governo não fez estoques reguladores, não trabalhou com preços mínimos nos anos em que isso se fez necessário e deixou tudo correr sob uma ilusória, se não criminosa, “mão invisível do mercado”.
Com isso deixou as grandes corporações internacionais da comercialização do setor açambarcarem as safras de soja, milho, arroz, entre outras, assim como a comercialização de carnes, especialmente bovinas, para vender no mercado internacional, aproveitando-se da alta de preços, deixando o mercado interno desabastecido.
Na mesma linha isso vale para minério e na desastrada política de preços dos combustíveis da direção da Petrobrás, com menor impacto em maio, mas da mesma forma determinante no acumulado do índice.
Desemprego, subemprego e desalento abatem-se sobre mais de 50 milhões de brasileiros com idades aptas ao trabalho. Fome e insegurança alimentar e agora inflação em alta reduzindo os salários de quem ainda os têm e promovendo a carestia generalizada, permitem projetar um desastre pela frente.
Bolsonaro espalha vírus, só faz ou deixa fazer por essas e tantas outras políticas contra o povo. Percebe a possibilidade do caos e acena com o “meu exército” para contê-lo. Parece pretender tirar alguma vantagem da situação para o seu projeto de auto golpe.
O IGP-M é resultante de uma ponderação de três índices. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA-M), o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-M) e o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC-M). O IPA calcula a evolução dos preços de produtos agrícolas e industriais no atacado que representam 60% da composição do IGP-M.
J.AMARO