A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central é um primor. Logo no primeiro ponto ficamos sabendo que “O conjunto dos indicadores de atividade econômica mostra recuperação consistente da economia brasileira”. Contudo, de acordo com o segundo ponto, “A economia segue operando com alto nível de ociosidade dos fatores de produção, refletido nos baixos índices de utilização da capacidade da indústria e, principalmente, na taxa de desemprego”.
Como é possível a economia estar bombando com “alto nível de ociosidade dos fatores de produção” (capital e trabalho)?
Segundo os números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2017, o investimento – expresso pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) – caiu 1,8%, a quarta queda anual consecutiva. Com isso, a taxa de investimento foi reduzida para 15,6%, a mais baixa de toda a série atual do IBGE. O resultado disso é que indústria teve crescimento ZERO no ano passado.
Serviços tiveram crescimento 0,3% (que é o mesmo que zero) e a agropecuária, 13%, basicamente devido ao milho (+55,2%) e à soja (+19,2%). Quanto ao emprego, são 12,3 milhões de desempregados, 26,4 milhões de subempregados e 4,4 milhões que desistiram de buscar trabalho, conforme o IBGE. Essa é a “recuperação consistente” de Temer.
Já a inflação, segundo a ata do Copom, continua “em direção à meta no horizonte relevante para a política monetária”. O que, realmente, é relevante, é que a inflação está tão baixa porque vivemos uma depressão provocada pelo juro real na Lua, 3,5% ao ano, bem acima da média mundial de -0,06%. Além dos cortes nos investimentos públicos.
Mas mesmo assim, o BC sinalizou que, não só vai manter os juros reais nas alturas, como vai, após a reunião de maio, parar de reduzir a taxa Selic.