“Não podem ficar impunes” os responsáveis pelas “quase 500 mil mortes que estão sendo verificadas no Brasil”, diz senador do PSD-BA, integrante da CPI da Pandemia
O senador Otto Alencar (PSD-BA), membro da CPI da Pandemia, disse que os depoimentos e documentos colhidos pela investigação mostram que “Bolsonaro jogou com essa possibilidade da imunidade de rebanho, que é uma coisa criminosa. Por isso ele descartou a vacina no ano passado”.
“Ironizou a CoronaVac, criou dificuldades diplomáticas com a China e apostou em medicações que não foram comprovadas, que não tinham nenhum efeito relacionado à doença”, prosseguiu.
Além disso, o governo Bolsonaro ignorou diversas ofertas da Pfizer e do Instituto Butantan para milhões de doses de vacina.
“O depoimento de Dimas Covas, do Butantan, mostrou que a prioridade do governo federal e do Ministério da Saúde na gestão [do ex-ministro Eduardo] Pazuello nunca foi vacinar”, afirmou Otto.
Em entrevista ao jornal O Globo, o senador disse que Jair Bolsonaro pode ser responsabilizado pelas mortes por conta do “negacionismo da vacina”.
“Se ele não queria a vacina lá no ano passado, e a vacinação poderia ter começado em dezembro, é porque esperava que houvesse imunidade de rebanho. Eu tenho a gravação do presidente da República dizendo no final do ano passado que o vírus estava indo embora, porque as pessoas estavam imunizadas. São várias gravações nesse sentido”, observou o senador.
“Entre esses membros do governo, alguns têm muita culpa nas quase 500 mil mortes que estão sendo verificadas no Brasil. Alguém tem que pagar por essa falta de uma ação de saúde qualificada, sintonizada com o que prescrevem as orientações médicas e sanitárias. Não pode ficar impune. A não ser que a legislação não seja cumprida no Brasil e também não seja cumprida a nível internacional”, argumentou.
Para Otto Alencar, que é médico, os bolsonaristas “sempre procuram confundir a população de forma irresponsável. Semana passada, tentaram desqualificar a vacina, dizendo que pessoas que tomaram a vacina morreram”.
Ele se referiu ao senador Luis Carlos Heinze, defensor do uso da cloroquina no tratamento de Covid-19, que usou a morte do sambista Nelson Sargento, de 96 anos, para atacar a vacinação.
Em relação à crise em Manaus, Otto Alencar avalia que o governo Bolsonaro “pecou por ação, porque a ação foi errada, o uso do tratamento precoce. E por omissão, por não comprar as vacinas, seguindo a orientação do presidente Jair Bolsonaro”.