Dados do Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE) divulgados nesta sexta-feira (4) mostram que o ritmo de desmatamento da Amazônia Legal é alarmante. Segundo o instituto, o mês de maio registrou um aumento de 41% de áreas desmatadas em relação a maio de 2020. A área de 1.180 km² com alerta de desflorestação é a maior para o mês desde 2016.
É o terceiro mês consecutivo em que os índices batem recordes históricos, e também é a primeira vez que a área sob alerta de desmatamento em maio passa dos 1 mil km², isso sem contar que a estação das secas, “quando a devastação se intensifica”, ainda não começou, como alerta o Observatório do Clima.
“A permanecer a tendência nos próximos dois meses, a taxa oficial de desmatamento de 2021 (medida de agosto a julho) poderá terminar com uma inédita quarta alta consecutiva. O comportamento da curva dependerá exclusivamente de quem hoje dá as cartas na região: o crime ambiental”, afirmou, em nota, a entidade que reúne 56 organizações da sociedade civil.
A entidade afirma que “Bolsonaro se dedica há dois anos e meio a desmontar as políticas de controle de desmatamento, enterrando o único plano que conseguiu reduzir a destruição, o PPCDAm (Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia)”.
E prossegue, denunciando o desmonte dos órgãos de controle e fiscalização do Ministério do Meio Ambiente: “A fiscalização do Ibama foi manietada; como mostraram neste ano documentos produzidos pelos próprios agentes, a gestão do antiministro Ricardo Salles virtualmente parou as operações do órgão — cuja cúpula acaba de ser afastada por suspeita de operar para madeireiros”.
“O Instituto Chico Mendes, que fiscaliza as unidades de conservação federais, está ameaçado de extinção. A fracassada Operação Verde Brasil 2, do general Hamilton Mourão, saiu de cena em abril e não deixou nada no lugar. O plano de Salles de criar uma espécie de milícia na floresta usando homens da Força Nacional foi interrompido pelo fato prosaico de que o ministro, com dois inquéritos contra si no STF, dedica seu tempo hoje a fugir da polícia”, afirma a entidade.
Para Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, “o desmatamento neste ano será o que os madeireiros ilegais, garimpeiros criminosos e grileiros quiserem que seja. E, neste momento, eles não têm nenhum motivo para se controlar, já que o próprio governo federal, que deveria coibir a ilegalidade, os incentiva com atos e discursos”, diz.
A Amazônia Legal engloba a área de 8 estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.