Corte deu prazo de cinco dias para o bozo esclarecer o que quis dizer com a afirmação chula de que o governador teria enfiado o dinheiro em algum lugar
O Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo de cinco dias para que Jair Bolsonaro explique declarações feitas sobre o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o destino de verbas da saúde no estado. O mandado foi expedido pelo ministro do STF Gilmar Mendes na quarta-feira (2). Bolsonaro voltou a agredir o governador, dizendo a apoiadores, na quinta-feira (3), que Eduardo Leite teria “enfiado os recursos da saúde em outro lugar”.
“Não sei. Eu sei que o MP pediu para todos o destino do dinheiro. Tem governador que não encaminhou ainda. Não sei, não vou falar que ele fez mau uso do dinheiro. Pode ter enfiado num outro lugar, pode ser até legal, mas o dinheiro era para a saúde”, disse Bolsonaro ao ser indagado por um seguidor se Eduardo Leite havia sido convocado para depor na CPI da Covid no Senado.
Em 1º de março, Leite havia se manifestado contrário à postura do presidente sobre o envio de verbas aos estados. Dias antes, Bolsonaro havia publicado nas redes sociais o repasse da União aos estados, sem distinguir verbas obrigatórias daquelas destinadas exclusivamente para a saúde durante a pandemia. O objetivo era confundir a opinião pública sobre suas omissões e levantar suspeitas sobre o mau uso do dinheiro.
“Narrativa de quem quer se esquivar das responsabilidade de um quadro dramático da pandemia pela negação dessa doença. Insiste na divisão, no conflito, no confronto, quando o inimigo é um só, o vírus, que poderia ser usado para unir”, disse, na ocasião, o governador. Na mesma data, 19 governadores responderam, em carta aberta, à postagem de Jair Bolsonaro sobre repasses do governo federal.
Bolsonaro usou suas redes na internet na ocasião para agredir o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como já vinha fazendo sistematicamente com outros governadores. “Onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele né… Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí na entrevista supramencionada?”, disse Bolsonaro.
Na ação judicial, Leite pede explicações sobre as falas de Bolsonaro a respeito do uso de verba pública na área da saúde. No despacho desta quarta, Gilmar Mendes afirmou que o mandado tem “objetivo de esclarecer situações ambíguas, a fim de viabilizar o exercício futuro de ação penal condenatória”. A ação de Leite busca “afastar a prática de crimes de calúnia e difamação, extinguindo as ambiguidades e equivocidades verificadas na entrevista televisiva”, diz o documento. O governador do RS cobra respostas do governo federal a três perguntas:
Quando foram repassados valores pela União ao Estado do Rio Grande do Sul que, conquanto tivessem destinação legal/constitucional à saúde, foram destinados a outras finalidades?
Quais valores foram repassados pela União ao Estado do Rio Grande do Sul que, conquanto tivessem destinação legal/constitucional à saúde, foram destinados a outras finalidades?
Qual foi a intenção do interpelado ao proferir as sentenças “Onde ele enfiou essa grana? Eu não vou responder pra ele né… Mas eu acho que é feio onde ele botou essa grana toda aí” na entrevista supramencionada?
“Não fosse isso, as ambiguidades e dubiedades dos termos utilizados podem, a depender da manifestação a ser prestada pelo Sr. Presidente da República, caracterizar, outrossim, o crime de difamação, por narrar fato relacionado à possível destinação do recurso, a justificar a necessidade de explicações, mormente diante da enorme repercussão nas mais diferentes mídias”, comenta, na ação, o advogado do governador, Caetano Cuervo Lo Pumo.