Os filiados do Patriota acusam o presidente do partido, Adilson Barroso, de estar dando um “golpe” para a família de Jair Bolsonaro se filiar e se candidatar em 2022. Os militantes do Movimento Brasil Livre (MBL) ameaçam deixar a legenda caso a filiação de Bolsonaro se concretize.
O presidente do Patriota, Adilson Barroso, começou a expulsar os filiados que são críticos do governo Bolsonaro. Em Belo Horizonte, o vereador Gabriel Azevedo foi expulso.
“Com a chegada de Flávio Bolsonaro e a possível filiação do presidente, sua permanência no partido se tornou insustentável”, explicou o diretório estadual.
O vice-presidente do partido, Ovasco Resende, disse que a divisão no partido faz com que a filiação de Jair Bolsonaro não seja dada como certa.
“Não acredito que Bolsonaro vá entrar em um partido dividido e no qual o próprio presidente da legenda age de forma sorrateira. Bolsonaro não tem segurança nenhuma de que Adilson vai manter sua candidatura à reeleição em 2022. Se aparecer um candidato mais forte nas pesquisas, Adilson pode tirar a legenda e apoiar outro nome”, afirmou Ovasco.
Filiados e membros dos diretórios dirigentes do partido questionam a negociação feita entre Adilson Barroso e a família Bolsonaro, dizendo que os bolsonaristas não podem entrar no partido e se tornarem dirigentes sem terem sido eleitos.
Arthur do Val, do canal Mamãe Falei, no Youtube, disse que os militantes do MBL veem “com muita tristeza” a filiação de Flávio Bolsonaro, que já foi concretizada.
“Em nenhum momento a gente vai conciliar com eles. Isso não existe. Eu prefiro sair da política do que compor com esses caras. Não existe nenhuma possibilidade, zero”, reafirmou Arthur, que foi candidato à Prefeitura de São Paulo pelo Patriota em 2020.
O vereador de São Paulo e membro do MBL, Rubinho Nunes, disse que “não fechamos com o que há de pior na política”.
“Quando o bolsonarismo entra pela porta dos fundos, saímos pela porta da frente de cabeça erguida, seguros da nossa ética”.
Nunes ainda criticou as denúncias de corrupção que o senador Flávio Bolsonaro carrega. “Rachadinha, intimidade com milicianos, lucro de 300% em imóveis, loja de chocolates para lavar dinheiro, mansão de R$ 6 milhões. Se esse é o conservadorismo defendido pelo Patriota, estou fora”, disse.
“O que posso garantir é que não vamos ficar calados. O Adilson quer que a gente fique e apoie o Bolsonaro. Vai ter muita resistência e judicialização”, continuou o vereador.