Os servidores públicos de diversas categorias do Rio Grande do Sul realizaram, na sexta-feira (29), no centro de Porto Alegre, protesto histórico contra a humilhação imposta pelo governo de José Ivo Sartori (PMDB) e o atraso nos salários há 22 meses.
A manifestação reuniu cerca de 40 mil pessoas que, por volta das 14h, tomaram o Largo Glênio Peres e, em seguida, rumaram para o Palácio Piratini.
O fato de, por decisão do governo Sartori, todos os servidores com salários acima de R$ 1.750 não terem recebido seus vencimentos foi tema de muitos protestos na manifestação. Só no caso dos professores, o pagamento até R$ 1.750 significa que 53% da categoria não recebeu nada de salário.
“Essa medida é uma tentativa de dividir os servidores, porque vai continuar prejudicando. Não quer dizer que quem ganha mais que a faixa definida para pagamento vai conseguir se manter por mais dias pagando multas”, critica o presidente da Federação Sindical dos Servidores do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud.
A presidente do Sindicato dos Professores do Estado (Cpers), Helenir Aguiar Schürer, lembrou que os servidores da educação completaram nesta sexta-feira 24 dias de greve e decidiram, em assembleia no Gigantinho, continuar a greve até que os salários sejam pagos integralmente em dia. “Certa vez disseram ali naquela outra Casa (o Legislativo) que tinha meia dúzia de servidores protestando na praça. Venham aqui contar agora quantos têm”, desafiou. “Não aceitaremos a política do arrocho e da entrega do patrimônio público e das riquezas do Estado”, acrescentou.
Os servidores da área da segurança pública, especialmente da Polícia Civil e da Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe) participaram em grande número do ato.
Presidente do Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm Sindicato), Isaac Ortiz afirmou que o governo Sartori está “destruindo o Estado”. “Já atingimos a marca de 7.133 homicídios neste governo do PMDB. Não podemos aceitar que eles sigam destruindo o nosso Estado”.
Participam da mobilização junto com os servidores, os estudantes ligados à União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas (UGES) e da União Metropolitana dos Estudantes Secuntaristas de Porto Alegre (UMESPA). “Nós estudantes estamos nos somando a este ato, fortalecendo a greve dos servidores públicos dizendo não ao parcelamento do Sartori”, disse Marcos Prestes, presidente da UGES.
O governador Sartori anunciou na terça (26) que decidiu pagar indenização aos servidores pelo atraso. Serão R$ 68 milhões, se Assembleia Legislativa aprovar, diz o Governo.
Para os servidores a proposta é insuficiente e na prática não indeniza de verdade os trabalhadores. “E aqueles servidores públicos que entraram no rotativo do cartão de crédito? E aqueles que tiveram que pegar empréstimos com juros maiores? E aqueles que deixaram de pagar contas, o financiamento da casa? O juro foi bem maior! Mais uma vez, esse Governo não está sendo claro e tampouco está trabalhando com seriedade”, afirmou Guilherme Toniolo, vice-presidente do Sindicato dos Técnicos-Científicos do Rio Grande do Sul (Sintergs).