“Esse governo só fala em ajuste fiscal, mas precisamos de soluções novas para a pandemia”, defende o presidente do Simpi, Joseph Couri
Em 2021, as microempresas terão apenas 8% do crédito emergencial do que foi concedido no ano passado, época em que foram desembolsados R$ 202,6 bilhões em empréstimos aos pequenos negócios, segundo um levantamento do Uol, com base em dados do Banco Central (BC), que foi divulgado nesta semana (8).
Para o presidente da Associação Nacional dos Sindicatos das Micro e Pequenas Indústrias (ASSIMPI), Joseph Couri, “sem crédito, as empresas não conseguem rodar”.
“São necessárias e indispensáveis medidas emergenciais para que as empresas tenham crédito. A economia mais capitalista do mundo, os Estados Unidos, tem distribuído recursos para as famílias e para as pessoas. Temos soluções antigas para problemas novos. Esse governo só fala em ajuste fiscal, mas precisamos de soluções novas para a pandemia”, defendeu.
Na semana passada (2), depois de 6 meses de espera dos pequenos negócios, Jair Bolsonaro sancionou o projeto de lei que reeditou o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), e que pode garantir, segundo o Ministério da Economia, até R$ 16 bilhões em financiamentos para o setor.
Ao todo, entre os seis programas e medidas emergenciais de crédito tomadas pelo BC, Ministério da Economia e Congresso, foram concedidos em empréstimos R$ 202,6 bilhões às micro, pequenas e médias empresas. Esses programas e medidas foram encerradas em 31 de dezembro de 2020.
Juros mais altos
No ano passado, o custo de tomar o crédito era Selic (2,75% ao ano) mais 1,25%. Na versão 2021, os juros anuais passarão para Selic (atualmente em 3,5% ao ano) mais 6%. A taxa efetiva chegará a 9,5%. O prazo para pagamento dos empréstimos é de 36 meses, com oito meses de carência – seguindo as mesmas regras do ano anterior.
Aporte menor
Em 2020, o Pronampe liberou R$ 37,5 bilhões em créditos para 520 mil micros e pequenos negócios. Neste ano, os bancos permaneceram tendo como garantia para os empréstimos os recursos do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Governo liberou R$ 5 bilhões no FGO, com isto, os bancos terão cobertura para emprestar até R$ 16 bilhões.
O economista e professor da Universidade de Brasília (UnB), José Luis Oreiro, declarou que o governo erra ao não ofertar crédito para micro e pequenas empresas.
“Essas empresas são as que geram a maior parte dos empregos no Brasil. Sem a renovação dos programas de crédito, elas vão falir, e os empréstimos concedidos no passado vão virar prejuízo para os bancos. Esses programas têm um custo fiscal baixo e um impacto importante no nível de atividade”, disse Oreiro, ao destacar que quanto menos recurso o governo destinar para resgatar as empresas, mais ele terá que gastar com auxílio emergencial e investimentos públicos.