O ex-ministro da Saúde do governo Bolsonaro, Eduardo Pazuello, ofereceu, em setembro de 2020, para a Organização Mundial de Saúde (OMS) o “protocolo” brasileiro para tratamento precoce contra Covid-19 com uso de cloroquina.
Naquele momento, a OMS discutia a adesão dos países ao consórcio de vacinas Covax Facility e já tinha descartado o uso de cloroquina para combater a doença.
Um documento do Ministério de Relações Exteriores registra que Pazuello “ofereceu à OMS o compartilhamento de protocolo desenvolvido no Brasil para tratamento precoce da doença, fruto de conhecimento acumulado nas diferentes regiões do país. [Pazuello] Ponderou que a conversação com a OMS será mais eficaz se os dois lados mantiverem perfil discreto”.
Enquanto todo o mundo já tinha descartado o uso da droga para combater a doença e já discutia a compra de vacinas, o governo Bolsonaro continuava incentivando o uso de cloroquina.
A OMS já tinha descartado, em maio de 2020, o uso de cloroquina no combate à Covid, por conta de estudos que atestam a ineficácia do tratamento.
A ligação entre o ex-ministro da Saúde e o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, era para tratar da Covax Facility, consórcio ao qual o governo Bolsonaro decidiu aderir na sua menor cota, equivalente a 10% da população.
A Covax Facility oferecia doses para até 50% da população de cada país.
Na ligação, “o Ministro Pazuello observou que as medidas promovidas pelo Brasil estão alinhadas a essas recomendações, para prevenção, mudanças comportamentais e conformação de um ‘novo normal’”.
Desde o começo da pandemia, Jair Bolsonaro boicotou o isolamento social e recomendou à população que também o fizesse. Chegou a dizer que quem mantinha o isolamento era “idiota”.
Ao mesmo tempo, o governo ignorava dezenas de emails da farmacêutica Pfizer, que oferecia doses de vacina por metade do preço vendido para os Estados Unidos e Reino Unido.