Os sindicatos de trabalhadores da Eletrobrás preparam uma greve de 72 horas, caso o projeto do governo Bolsonaro de privatização da companhia entre na pauta de votações do Senado. O relator da proposta na Casa, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), afirmou que pretende apresentar seu parecer na próxima terça-feira (15), se possível, já colocá-lo em votação.
A decisão foi tomada em assembleias da categoria ocorridas entre os dias 25 e 27 de maio, quando aprovaram estado de greve que culminará em greve por 72 horas a partir no dia 15.
A Medida Provisória (MP) 1.031/2021, que trata da privatização da Eletrobrás, foi aprovada pela Câmara dos Deputados em maio e, para não perder a validade, deve ser votada pelos senadores até 22 de junho.
O diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Energia do Rio de Janeiro e Região (Sintergia-RJ), Emanuel Mendes Torres, disse em entrevistas à Reuters que os trabalhadores já decidiram entrar em estado de greve. “Nós já deliberamos em assembleia, em todas as bases, por uma greve de 72 horas caso o Congresso, o Senado Federal, coloque em pauta a MP 1031 na próxima semana.”
Os trabalhadores denunciam que a privatização da Eletrobrás representa um sério risco de perda da soberania energética e fragilização do sistema integrado de distribuição.
Em entrevista ao HP, no último dia 08, o presidente do Sindicato dos Eletricitários de São Paulo, Eduardo Assunção (Chicão), alertou sobre os riscos de privatização da empresa para a queda da qualidade do serviço prestado à população e para a soberania nacional no setor. “A privatização é um escárnio”, denunciou Chicão.
“Já sentimos na pele, e no bolso, que após a privatização da maioria das distribuidoras de energia elétrica a qualidade dos serviços caiu. A conta de luz ficou muito mais cara. Entendemos que sempre se deve buscar a maior eficiência do Estado e das empresas públicas, para melhor atender a população, mas essa visão não pode ser usada como desculpa para entregar nosso patrimônio de mão beijada para a iniciativa privada”, disse Chicão.
Entre outras consequências negativas, a privatização da Eletrobrás ameaça os investimentos necessários em infraestrutura energética para atender o conjunto da população e para minimizar efeitos de sucessivas crises hídricas, que ameaçam os reservatórios de cinco das maiores hidrelétricas do Brasil.
O movimento afirma que a paralisação não vai afetar a distribuição de energia e que os serviços essenciais à população, conforme Lei 7.783/89 (Lei de Greve), serão mantidos e os casos emergenciais serão negociados com as federações e as entidades sindicais.