Após recuo de 3,1% em março, o setor de serviços não conseguiu recuperar a perda no mês e teve variação de apenas 0,7% em abril, informou nesta sexta-feira (11) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O setor, que tem peso de 73% na formação do Produto Interno Bruto (PIB) do país, permanece com o volume de prestação de serviços 1,5% abaixo dos níveis pré-pandemia. Ante novembro de 2014, quando registrou pico histórico, o setor está 13,1% abaixo.
Na comparação com abril de 2020, o volume de serviços avançou 19,8%, favorecida pela fraca base de comparação, já que em abril do ano passado o setor havia tombado 17,3% na série interanual. Em 12 meses, porém, o setor ainda acumula perdas de -5,4%.
No resultado do PIB do primeiro trimestre, a crise do setor – que além das restrições de circulação por conta da pandemia, também é atingido em cheio pela demanda comprimida pelo desemprego e arrocho da renda – fica evidente. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, retraiu 0,8% e teve variação quase nula de 0,4% sobre o trimestre imediatamente anterior.
Em abril, os serviços prestados às famílias, componente de maior peso para o setor, cresceu 9,3%. O próprio IBGE afirma que o resultado precisa ser analisado com ressalvas, já que em abril houve a reabertura dos serviços (como bares e restaurantes) e flexibilização das medidas restritivas em boa parte do país.
“Esse resultado dos serviços prestados às famílias deve ser relativizado, já que em março eles caíram 28,0%, no momento em que houve decretos estaduais e municipais que restringiram o funcionamento de algumas atividades para controle da disseminação do vírus. Isso fez o consumo reduzir significativamente naquele mês, então em abril houve um crescimento maior por conta da base de comparação muito baixa”, ponderou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Na outra ponta, em abril houve queda de 1,3% nos serviços administrativos; de 0,9% em outros serviços; e de 15,8% no transporte aéreo.
“A vacinação em massa é fundamental para uma recuperação mais folgada para os serviços de caráter presencial”, avaliou Lobo. “Boa parte dos serviços presenciais ainda sentem os efeitos da pandemia e demoram mais a recuperar o patamar pré-crise”, completou.
As medidas de apoio às micro e pequenas empresas, como o Pronampe, foram proteladas pelo governo Bolsonaro no auge da pandemia este ano, assim como o auxílio emergencial que só voltou a ser destinado aos mais atingidos pela crise em abril, após ser encerrado em dezembro, com um valor menor e para menos famílias.