Darnella Frazier, jovem de 17 anos que filmou com seu celular o assassinato de George Floyd por um policial branco em Minneapolis em maio de 2020, episódio que denunciou a violência racial no país, recebeu na sexta-feira (11) uma menção especial do Prêmio Pulitzer, o mais importante prêmio do jornalismo dos Estados Unidos.
As imagens gravadas por ela foram divulgadas por veículos de imprensa em todo o mundo e se tornaram decisivas na acusação contra o ex-policial Derek Chauvin, responsável pela morte de Floyd, cuja sentença será definida em 16 de junho.
A jovem testemunhou no julgamento, dizendo aos jurados que ela olha para seu pai e outros homens negros em sua vida e pensa sobre “como aquele poderia ter sido um deles.”
O comitê do prêmio disse que a garota foi premiada por “filmar corajosamente o assassinato do cidadão negro George Floyd, um vídeo que desencadeou protestos contra a violência policial no mundo todo e que destacou o papel fundamental dos cidadãos na busca dos jornalistas por verdade e justiça”.
No vídeo filmado por Frazier, Chauvin se ajoelha por mais de nove minutos no pescoço de Floyd, de 46 anos. Vários transeuntes pedem repetidamente que ele pare e Floyd diz que não consegue respirar, antes de perder a consciência.
Em um post em seu perfil no Instagram em 25 de maio último, quando a morte de Floyd completou um ano, Frazier escreveu: “Mesmo que tenha sido uma experiência traumática que mudou minha vida, estou orgulhosa de mim mesma. Se não fosse pelo meu vídeo, o mundo não teria conhecido a verdade. Eu reconheço isso. Meu vídeo não salvou George Floyd, mas tirou seu assassino das ruas”
“Eu não conhecia aquele homem, mas sabia que sua vida importava”, escreveu a jovem em sua página no Facebook. “Isso me mudou, mudou minha visão da vida. Me fez perceber o quão perigoso é ser negro nos Estados Unidos.”
O vídeo “entrará para a história”, afirmou a Associação Americana para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP, na sigla em inglês, uma das primeiras entidades formadas na luta contra a segregação racial nos Estados U nidos) da Carolina do Norte, Estado onde Floyd nasceu.
“Como o filme de Abraham Zapruder sobre o assassinato do presidente John Kennedy, o encobrimento policial tradicional tornou-se impossível”, disse a entidade antirracismo em um comunicado. “Ninguém, nem mesmo muitos dos colegas policiais de Chauvin, poderia argumentar contra o filme da Srta. Frazier”.
“Um dia, nossos filhos poderão ser apenas crianças”, disse Sherrilyn Ifill, da NAACP, após o anúncio do prêmio. “Enquanto isso, recompensemos sua valentia e sua contribuição para a manifestação da verdade.”
“O triste é que se não fosse por aquela garota de 17 anos, Darnella, teria sido outro homem negro que foi morto pela polícia … e eles teriam dito, ‘oh, foram drogas, oh, foi isso’”, disse Angela Harrellson, tia de George Floyd.
A equipe do jornal Star Tribune de Minneapolis recebeu o prêmio na categoria de notícias de última hora, pela sua cobertura da morte de Floyd e suas repercussões.
O Prêmio Pulitzer é um prêmio concedido a pessoas que realizam trabalhos de excelência na área de jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque. Foi criado em 1917 por desejo de Joseph Pulitzer que, na véspera de sua morte, deixou dinheiro à universidade. Parte do dinheiro foi usado para iniciar um curso de jornalismo nessa universidade.