O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a fome existe no país porque os brasileiros “enchem o prato e desperdiçam”. O guru da economia do governo Bolsonaro disse que a solução é distribuir “a sobra” dos pratos para os mais pobres.
“O prato de um classe média europeu, que já enfrentou duas guerras mundiais, são pratos relativamente pequenos. E os nossos aqui, nós fazemos almoços onde às vezes há uma sobra enorme”, disse o ministro, em evento promovido pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) que discutia a cadeia nacional de abastecimento e suprimentos.
De acordo com Guedes, o problema da insegurança alimentar, presente em 6 de cada 10 lares brasileiros, estaria resolvido se os “excessos” fossem destinados aos paupérrimos. Ou seja, é só distribuir o resto do prato para quem tem fome.
“Como utilizar esses excessos que estão em restaurantes e esse encadeamento com as políticas sociais, isso tem que ser feito. Toda aquela alimentação que não for utilizada durante aquele dia, aquilo dá para alimentar pessoas fragilizadas, mendigos, desamparados. É muito melhor do que deixar estragar essa comida toda”, disse Guedes.
A pobreza e a pobreza extrema aumentaram no país durante a pandemia, como resultado do desemprego, da queda da renda das famílias e da inflação. Sem regulação nenhuma, o governo federal impõe a fome aos brasileiros cortando o auxílio emergencial, permitindo o aumento do preço da carne, do gás de botijão e do arroz com feijão.
Para o economista Joilson Cabral, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, o “cata xepa” proposto pelo ministro não resolve nada do ponto de vista econômico, ou social.
“Não é uma fala verdadeira, do ponto de vista econômico. O ministro está propondo uma espécie de “cata xepa”, para que os mais pobres lidem com os “restos”, afirma. “É preciso um estoque regulador para controlar a oscilação dos preços dos alimentos, além da redução de tributos, principalmente sob os alimentos da cesta básica”.
A Fenafisco (Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital) divulgou nota em que critica Paulo Guede e diz que ele demonstra “desconhecimento do funcionamento de seu próprio país.” A entidade cobra “políticas sérias e efetivas” de combate à desigualdade. “Guedes novamente se posiciona de forma elitista, ao falar que os brasileiros de classe média comem demais e as sobras de alimentos deveriam ser utilizadas para mitigar o problema da fome”, diz a nota.
No evento, o ministro tentava acenar ao setor supermercadista com o discurso do desperdício, se comprometendo a avaliar propostas como a flexibilização das regras de validade de alimentos no Brasil.
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quem sabe depois dessa declaração esdrúxula, estúpida e desumana o povo caia na real (dificil,né) de que o pobre nunca foi prioridade desse (des)governo genocida.