O passaporte do bilionário Wizard, por determinação da Justiça Federal em São Paulo, vai ser retido
Agendado para depor na CPI da Covid-19, na última quinta-feira (17), o bilionário bolsonarista Carlos Wizard não compareceu. Embora tenha ido ao STF (Supremo Tribunal Federal) para garantir a proteção do habeas corpus concedido pelo ministro Luís Roberto Barroso.
O HC concedido pelo ministro foi para que empresário pudesse permanecer em silêncio durante o depoimento. Mas ainda assim, ele não compareceu. Em total desrespeito à CPI e à Justiça. O bolsonarista tripudiou sobre a CPI e o Supremo.
Dessa forma, o ministro Roberto Barroso autorizou a condução coercitiva de Wizard, que é considerado um dos principais apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, para prestar depoimento à CPI da Covid, no Senado, em data a ser determinada pela comissão.
“Diante disso, as providências determinadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito, no sentido do comparecimento compulsório do paciente, estão em harmonia com a decisão por mim proferida. Naturalmente, se houver qualquer espécie de abuso na sua execução, poderá o impetrante voltar a peticionar. Mas, por ora, este não é o caso”, escreveu Barroso, em trecho da decisão tomada por ele.
CIDADE DO MÉXICO
A pedido da comissão, a PF (Polícia Federal) tentou, na quinta-feira (17), executar a condução coercitiva do empresário para depor à CPI da Covid-19, segundo documentos tornados públicos.
Segundo relatório do órgão, os agentes descobriram, então, que o bilionário fundador de uma rede de escolas de inglês foi para a Cidade do México, no México, em 30 de março e não retornou mais ao Brasil.
O bilionário foi alvo de quebra de sigilos bancários, telemáticos e telefônicos pela Comissão. A CPI também cogita quebrar o sigilo das empresas de Wizard.
ESTADOS UNIDOS
A defesa do empresário informou que Wizard passou pelo México para fazer a quarentena obrigatória antes de entrar nos Estados Unidos, devido à pandemia do novo coronavírus, e atualmente se encontra nos EUA.
Wizard informou à CPI que está fora do país e que, por isso, pediu para ser ouvido virtualmente, o que foi negado pelo colegiado. O presidente da comissão, Omar Aziz (PSD), então, determinou a condução coercitiva do empresário.
No relatório sobre a ação, a PF informou que ninguém atendeu no endereço de Wizard, em Campinas, no interior de São Paulo. Os agentes verificaram que a última movimentação dele foi a saída do Brasil, no dia 30 de março deste ano, às 8h33, pelo Aeroporto Internacional de Guarulhos em voo com destino à Cidade do México.
PASSAPORTE RETIDO
A Justiça Federal em São Paulo já havia determinado, mais cedo, a apreensão do passaporte de Carlos Wizard. A ordem para reter o documento ocorreu após o empresário não prestar esclarecimentos sobre a ausência do seu depoimento como testemunha à CPI da Covid-19.
O empresário é investigado pela CPI sob acusação de integrar o chamado “gabinete paralelo” que priorizou medidas não científicas no combate à pandemia, em dissonância com a OMS (Organização Mundial da Saúde), e desprezou a priorização de compra de vacinas.
Sob orientação errada, o governo negacionista das consequências da pandemia para a saúde pública e o setor sanitário negligenciou a compra de vacinas, ao mesmo tempo que investiu na compra de fármacos sem comprovação científica para combater o novo coronavírus.
Resultado: neste sábado (19), o Brasil atingiu a marca oficial — extraoficialmente, o número é bem superior —, de 500.495 mortes por Covid-19.
Segundo especialistas, se o governo tivesse comprado a tempo os imunizantes, 3 entre 4 dos que morreram por Covid-19 poderiam estar vivos agora.
M. V.