
Entidades representativas dos caminhoneiros estão convocando uma greve geral para o dia 25 de julho. A categoria denuncia que as promessas feitas por Bolsonaro no começo do ano para impedir uma nova paralisação do transporte de carga no país não se concretizaram.
De acordo com o Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), os reajustes no preço dos combustíveis estão entre as principais razões do movimento, e as reivindicações estão sendo ignoradas por Bolsonaro e pelo presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna.
“Publicamos então carta aberta ao Presidente da República Jair Messias Bolsonaro mostrando nossos problemas (e do povo brasileiro) sem qualquer resposta até o momento”, aponta nota do Conselho.
“O CNTRC lembra que os reajustes nos preços dos combustíveis promovidos pela Petrobras, sem explicações adequadas, ferem inclusive determinações do CDC (Código de Defesa do Consumidor). Simplesmente aumentam os preços e nos apresentam a conta”, ressalta. A entidade informa que a adesão à greve tem o apoio de diversos sindicatos e associações.
Carlos Alberto Litti, diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), entidade que representa mais de 800 mil associados, enfatiza a necessidade da unidade e mobilização dos caminhoneiros para garantir seus direitos, em especial no momento atual.
Litti lembra que atualmente o preço do litro do diesel está em R$ 4,20 em média, quase duas vezes o preço do combustível que provocou o estopim da greve de 2018, quando o valor chegou a R$ 2,83, sem botar na conta o valor da manutenção com trocas de pneu e outros custos.
De acordo com o levantamento divulgado pela Ticket Log, empresa de gestão de frotas, em março deste ano, o preço do diesel subiu 16,8% nas bombas do Brasil em 2021. Ainda segundo a Ticket Log, essa é a quinta alta consecutiva no preço do diesel. Assim, desde outubro o valor médio do combustível subiu 21,82% nas bombas.
“Queria perguntar, o que o presidente Bolsonaro fez pela categoria? Só os fanáticos não enxergam que a situação está dramática”, afirma.
As promessas feitas pelos governos tinham por objetivo desmobilizar a categoria e impedir que a paralisação convocada para fevereiro se concretizasse. Apesar do êxito momentâneo, a manobra do governo Bolsonaro para enganar os trabalhadores parece ter provocado uma indignação na categoria ainda maior que no início do ano.
Para Wallace Landim (Chorão), presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), “as promessas feitas pelo governo Bolsonaro não foram cumpridas e os caminhoneiros estão em situação pior que em 2018”.
Em nota pública Chorão listou as promessas que não foram cumpridas por Bolsonaro, como colocar os caminhoneiros na lista de prioridade da vacinação contra a Covid-19, eliminar impostos federais sobre o combustível (o governo zerou a tarifa somente em abril e voltou a cobrar em maio), linha de crédito acessível e controle do preço do diesel.
Jair Marques, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Três Cachoeiras, no Rio Grande do Sul, confirma que a categoria está decepcionada e trabalhando em condições precárias.
“Estamos voltando a nos mobilizar para buscar formas de fazer valer nossas reivindicações”, afirma Marques.
“Se os caminhoneiros avaliarem que a situação não é ideal é preciso que todos se unam, e só tem um caminho, que é a greve. Nenhum governo, seja de esquerda ou direita, se move se não houver alguma pressão”, defende Litti.