O Presidente egípcio, Abdel Fattah al-Sissi, foi reeleito com 97% dos votos, conforme anunciou na segunda-feira a Comissão Eleitoral egípcia. No entanto, com 60% de abstenção, o presidente assume com pouco menos de 40% de apoio por parte dos eleitores de seu país.
Já nas eleições de 2014, a abstenção havia sido de 53%.
As eleições deste ano foram consideradas uma farsa pelo conjunto das forças de oposição depois de uma série de detenções, atentados e pressões sobre todos os que se lançaram candidatos, à exceção de Mussa Mustafá Mussa, que obteve menos de 3% dos votos e que era do partido Ghad, apoiador do governo do presidente reeleito.
Nas eleições de 2011 (parlamento) e 2012 (presidenciais) houve intenso debate como recorda o escritor egípcio Muhannad Sabry. Foram realizadas logo após o afastamento do ditador Osny Mubarak, ocorrido após as gigantescas e persistentes manifestações da Praça Tahrir, no centro do Cairo.
Mas os governos que sucederam, nem o de Morsi (do grupo historicamente antinasserista Irmandade Islâmica), nem o general Sissi que comandou o movimento que afastou Morsi, não levaram adiante as demandas da praça.
Ao contrário, como denuncia a jornalista egípcia, Rania Al Malky, além do afastamento compulsório dos opositores neste pleito, Sissi manteve o cerco a Gaza (em acordo com o regime israelense) e, também cedeu a empresa israelense, Delek, a exploração de reservas de gás no deserto de Sinai.
O esforço para diminuir a abstenção não foi pequeno. Além de multa aos que não foram votar, apelos pelos meios de comunicação, claques organizadas pelo governo com bandeiras egípcias nas proximidades das urnas e votação estendida por três dias das 8:00 h às 22:00 h.
Sintomático foi a louvação do representante de negócios dos EUA no Egito, Thomas Goldberger, que com as salas de votação vazias declarou: “Nós americanos estamos impressionados com o entusiasmo e patriotismo dos eleitores egípcios”.