O deputado federal Luís Miranda (DEM-DF), irmão do servidor do Ministério da Saúde que relatou ter sofrido pressão atípica para acelerar a importação da vacina Covaxin, disse que o caso é “bem mais grave” e acredita que houve corrupção.
Enquanto ignorava a Pfizer, o governo Bolsonaro optou por adquirir a vacina mais cara do mercado, a indiana Covaxin, e única que tinha uma empresa intermediando a compra.
Jair Bolsonaro ligou pessoalmente para o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, para garantir a compra. Até hoje as vacinas Covaxin não chegaram no Brasil.
O deputado disse ao jornal Folha de S. Paulo que desconfia de corrupção ativa por conta do preço por dose acordado entre o governo Bolsonaro e a farmacêutica indiana Bharat Biotech, mas não tem informações mais precisas sobre isso.
O deputado Miranda disse que “tocou para a frente a denúncia”, mas não especificou para quem ele falou do caso. “Se eu responder para você, cai a República”.
“Tenho muitas informações, mas só vou falar quando confirmar que vou ser convocado [para a CPI]”.
O deputado Luís Miranda disse que “havia indícios de irregularidades na forma [do contrato]. E valores muito acima daquilo que era tratado com outras marcas”.
Para ele, “tem coisa mais grave, bem mais grave” do que a pressão sofrida por seu irmão, Luís Ricardo Miranda, para agilizar a importação.
“Inclusive erros no contrato. Formas irregulares na apresentação do contrato. Datas de vencimento das vacinas incompatíveis com a importação, sem tempo de ser vacinada a população, falhas inaceitáveis”.
“Por isso ele [Luís Ricardo, do Ministério da Saúde] não quis assinar. Aí ele começa a receber a pressão por conta disso”.
A CPI da Pandemia vai votar – e deverá aprovar – nesta quarta-feira (23) o requerimento para o depoimento do servidor Luís Ricardo Miranda. Seu irmão, o deputado Luís Miranda, também poderá estar presente.
Ricardo, que é do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, já prestou depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que também investiga a compra da Covaxin.
Ao MPF, Luis Ricardo Miranda falou que sofreu pressão de seu superior, Alex Lial Marinho, para que agilizasse a importação. Falou, além disso, que os membros do Ministério da Saúde estavam pressionando a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para que não exigisse todos os documentos para a liberação de uso emergencial da vacina no país.