Vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) já conseguiu as 27 assinaturas necessárias para a prorrogação até novembro. Requerimento pode ser votado nesta semana
Após o depoimento dos irmãos Miranda apontar pressões e irregularidades para a compra da vacina indiana Covaxin, senadores que integram a CPI da Covid-19 defendem a prorrogação dos trabalhos do colegiado para aprofundar as investigações.
A CPI tem prazo de funcionamento de 90 dias, que se encerra em 7 de agosto. Se prorrogada, a comissão irá até novembro.
Nesse sentido, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), apresentou requerimento e conseguiu as 27 assinaturas necessárias para a prorrogação dos trabalhos de investigação. O artigo 152 do Regimento Interno do Senado Federal determina que o prazo poderá ser prorrogado por meio de requerimento de 1/3 dos membros da Casa.
No documento, Randolfe aponta que o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, que é servidor concursado do Ministério da Saúde, disseram na última sexta-feira (25) que “o presidente da República foi alertado das irregularidades e, ao invés de apurá-las, as creditou ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR)”.
A suspeita é de superfaturamento e corrupção. Randolfe tem chamado o caso de “Covaxgate”, numa referência ao escândalo ocorrido em 1974 nos Estados Unidos que culminou no processo de impeachment do então presidente Richard Nixon.
Ficou provado que Nixon mandou espionar a campanha eleitoral no Comitê do Partido Democrata, instalado no Complexo Watergate, na capital dos Estados Unidos, e teve que renunciar.
A CPI da Covid-19 no Senado, instalada em 27 de abril, investiga as ações, omissões e inações do governo federal relacionadas à gestão da pandemia do novo coronavírus que matou, até o momento, 513.739 brasileiros e brasileiras.
“ESCÂNDALO QUE PRECISA SER APURADO”
“É um escândalo que precisa ser apurado com a gravidade correspondente. Diante da vasta documentação recebida e dos inúmeros fatos levantados que demandam um aprofundamento das investigações, torna-se imperativo prorrogar o prazo de duração desta Comissão Parlamentar de Inquérito”, escreveu o senador no requerimento.
Em entrevista à CNN, nesta segunda-feira (28), o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), admitiu a prorrogação dos trabalhos e afirmou que requerimentos devem ser analisados na terça-feira (29).
“Se não dá para terminar em 90 dias, você pode prorrogar. Não depende só de mim. Depende da assinatura de 27 senadores”, disse.
Segundo Aziz, o colegiado pretende ouvir Rodrigo, colega de trabalho do servidor Luis Ricardo Miranda, que teria relatado cobrança de propina em negociação de compra de vacina. Requerimento com esse objetivo também pode ser analisado na terça-feira.
A expectativa do senador é ouvir o servidor na sexta-feira (2). O colegiado, segundo Omar Aziz, também vai avaliar novo depoimento de Luis Ricardo Miranda, desta vez em sessão secreta.
“O Luis Miranda diz: tem muito mais coisa que o meu irmão quer falar, mas vai falar secretamente”, relatou o presidente da CPI à CNN.
M. V.