Um grupo de parlamentares encabeçado pelo líder trabalhista Jeremy Corbyn realizou nesta terça-feira (29) uma manifestação pela libertação de Julian Assange em frente à prisão de segurança máxima de Belmarsh – conhecida como a Guantánamo britânica.
Em entrevista ao canal Russia Today (RT), Jeremy Corbin condenou a falta de transparência no julgamento do fundador do WikiLeaks – o mais famoso portal de denúncias do mundo – e sublinhou que o ativista deveria ter sido solto assim que um juiz do Reino Unido negou sua extradição para os Estados Unidos.
No protesto, os parlamentares denunciaram que tiveram seus pedidos para se encontrarem com o Assange negado. O ativista é perseguido por Washington pelo vazamento de 700 mil documentos secretos do Departamento de Estado americano, com as minúcias de crimes cometidos pelos EUA no Iraque, no Afeganistão e na prisão de Guantánamo.
Corbyn ressaltou que não via nenhum motivo para que a solicitação do grupo para falar com Assange fosse rejeitada, e que considerava a postura do governo uma afronta aos direitos humanos. Na oportunidade, as autoridades penitenciárias também receberam uma carta com a assinatura de 20 deputados de quatro partidos.
Corbyn, que liderou o Partido Trabalhista entre 2015 e 2020, disse que ao longo dos anos, como parlamentar, visitou pessoas em várias prisões, incluindo Belmarsh. “É perfeitamente normal que os parlamentares tenham, com o devido processo legal, a prerrogativa e a facilidade de uma visita”, disse.
“Queremos agora, que um grupo nosso, converse com Julian Assange, provavelmente via link de vídeo, para que possamos discutir seu caso e ajudar a formar nossas próprias opiniões”, declarou Corbyn. Conforme o dirigente, a ideia é “encorajar outros membros a compreenderem seu papel no que espero que seja a mais forte campanha e evitemos sua extradição para fora deste país”.
Segundo Corbyn, além de Assange não poder ser extraditado para os EUA, ele já deveria ter sido libertado assim que um tribunal do Reino Unido recusou o pedido de extradição por causa da precariedade da sua saúde no início de 2021. “Naquele ponto, o caso precisaria ter terminado”, sublinhou o veterano combatente de 72 anos.
Apesar disso, recordou o líder trabalhista, os EUA anunciaram planos de apelar contra a decisão, deixando Assange em Belmarsh e mantendo a possibilidade de que seja “extraditado para os EUA, onde enfrentaria uma pena mínima de 125 anos de prisão”.
“Apelamos ao presidente Biden para não prosseguir com esta conduta. Defendemos que retire o caso, a fim de que Julian Assange possa se ver livre”, acrescentou.
Foi detido em abril de 2019 na Embaixada do Equador em Londres – onde se encontrava desde agosto de 2012 – após o governo de Moreno render-se aos EUA e decidir lhe retirar o asilo diplomático.
“JORNALISTA DE DISTINÇÃO”
Assange foi trancado em Belmarsh em abril de 2019 sob o pretexto de ‘quebra de fiança’, depois de ficar foragido na embaixada do Equador em Londres por sete anos, fugindo de acusações de agressão sexual jamais confirmadas. O fundador do WikiLeaks sempre negou tais armações, com seus apoiadores insistindo que ele havia sido perseguido por suas atividades profissionais.
Corbyn descreveu Assange como “alguém que defendeu a verdade em todo o mundo. Ele nos ajudou a entender o que aconteceu na prisão da Baía de Guantánamo e em tantos lugares do mundo onde os militares dos EUA fizeram coisas terríveis. Achamos que ele é um jornalista de distinção”.
A companheira de Assange e mãe de dois filhos seus, Stella Morris, o visitou em Belmarsh na terça-feira, dizendo aos jornalistas que ele estava “incrivelmente comovido” com o apoio recebido. “Julian é um prisioneiro político no Reino Unido … e isso tem que acabar”, ela insistiu.
O ex-líder da banda Pink Floyd, Roger Waters, se somou à campanha internacional de solidariedade e alertou que “querem matar Julian Assange porque disse a verdade”. “Sabemos, com certeza, que Assange não cometeu nenhum delito e que tudo o que fez foi transmitir notícias”, concluiu.