O senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI da Pandemia, afirmou que é “um fato” que Bolsonaro prevaricou e que “uma coisa que deixa o presidente com urticária é a gente mostrar que o governo dele é corrupto também”.
Aziz também declarou que Bolsonaro “não consegue desmentir o deputado Luis Miranda (DEM-DF)”, que denunciou junto com seu irmão Luis Ricardo as irregularidades na contratação da vacina Covaxin.
Em entrevista ao jornal O Globo, Omar Aziz frisou que a prevaricação de Bolsonaro não é “um indício”.
“Isso não é indício. Isso é um fato. Ele não desmente. Ele não encaminhou (a denúncia) para a Polícia Federal. A Polícia Federal abriu nessa quarta-feira [30 de junho] esse inquérito. Depois de quantos meses? É um fato. Ele não encaminhou nem para a CGU nem para a Abin. É um fato. E o deputado Luis Miranda ainda disse: “Eu espero que ele não me desminta, porque senão…”. É um fato. Ele teve a oportunidade de encaminhar para a Polícia Federal ou para o Ministério da Saúde”.
“Aí inventaram que deram (o aviso) para o ministro (Eduardo) Pazuello, que sai dois dias depois (da Saúde). Pazuello já sabia que seria exonerado, porque ninguém é exonerado no dia. E o coronel Elcio Franco (ex-secretário executivo da Saúde) também já ia no bolo. Então, nenhum dos dois investigou nada. Não falou nada. Isso incomoda o Bolsonaro. Ele recebeu na residência oficial um deputado federal da base dele, que levou essas denúncias, e ele não tomou providência. Qualquer servidor público diria que é prevaricação”, reafirmou Aziz.
O servidor concursado e diretor de logística do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, e seu irmão o deputado Luis Miranda denunciaram irregularidades a Bolsonaro, no dia 20 de março, na contratação da vacina Covaxin. Além do valor da contratação ser superfaturado, Luis Ricardo denuncia que foi pressionado a autorizar a importação mediante um recibo ilegal, com adiantamento e quantidades das doses que não tinham sido combinados no contrato. O adiantamento era de US$ 45 milhões (R$ R$ 227,4 milhões no câmbio atual).
O contrato previa a entrega de 20 milhões de doses da Covaxin no valor total de R$1,6 bilhão. A dose foi negociada a US$ 15 dólares, preço 1.000% superior ao da negociação inicial e muito mais cara que de outras vacinas no mercado internacional, a exemplo da Pfizer.
Segundo o deputado Luis Miranda, Jair Bolsonaro atribuiu as supostas irregularidades na compra da vacina ao envolvimento de seu líder na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). “Isso é coisa do Ricardo Barros”, disse Bolsonaro para os irmãos Miranda.
Bolsonaro prometeu aos irmãos Miranda que ia acionar a Polícia Federal para investigar. Mas nunca fez isso, abafou o caso.
Agora Bolsonaro ataca e agride os senadores que querem investigar o caso na CPI, chamando-os de “bandidos”.
“O presidente, quando acuado, reage dessa forma. É o modus operandi dele. Agredindo, tentando desqualificar as pessoas que se contrapõem a ele. Ele faz isso com todos, precisa dar uma resposta ao eleitorado dele. E a resposta é desqualificar os membros da CPI. Mas ele não consegue desmentir o deputado Luis Miranda. Você vê que está ficando ruim, porque para qualquer pessoa um pouco racional, mesmo fã dele, persiste a dúvida: será que o deputado Miranda falou isso (sobre as suspeitas na compra da Covaxin) e o presidente não fez nada? Veja o limite a que nós chegamos: o presidente dizer que não sabe do que acontece nos ministérios. Mas sabe, através de WhatsApp, de compadre, de amiguinho, de não sei o quê”, respondeu o presidente da CPI.
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