O ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, chamado de “meu gordinho” por Bolsonaro, desabafou com seus aliados e disse que foi pressionado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo ministro da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, para distribuir verbas para apoiadores do Palácio do Planalto.
Segundo ele, o centrão buscava o repasse de recursos que restavam no Orçamento no fim de 2020 para atingir a meta do acordo do grupo com Bolsonaro.
Os aliados de Pazuello dizem que o Ministério da Saúde não seguiu o acordo político e aplicou a maior parte dos recursos supostamente dentro dos próprios programas.
Em resposta, o presidente da Câmara, Arthur Lira, disse que só fez pressão sobre o ex-ministro da Saúde para a compra de vacinas.
“Quando assumi a presidência da Câmara dos Deputados, solicitei ao ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo, para que trabalhasse pela ampliação da vacinação no Brasil, como única forma de retomarmos a vida normal. Da mesma forma, falei com o ministro Pazuello”, disse Lira, por meio de sua assessoria.
“Tanto que eu e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), estivemos com a Pfizer para discutir a compra de vacinas daquele laboratório, em uma reunião que foi noticiada pela imprensa. Eu não acredito que tenha alguma pessoa que fale abertamente meu nome me acusando da pressão citada no questionamento da matéria”, disse Lira.
Assim que saiu do ministério, Eduardo Pazuello já tinha jogado seu veneno contra os membros do centrão.
Segundo Pazuello, sua saída foi causada pelos pedidos por ele negados, que chamou de “pixulé”.
“Chegou no final do ano uma carreata de gente pedindo dinheiro politicamente. O que fizemos? Distribuímos todo o recurso do ministério. Foi outra porrada, porque todos queriam um pixulé no final do ano”, disse Pazuello no dia 24 de março.
Segundo relatos de integrantes do governo, um dos conflitos aconteceu quando a Saúde recebeu listas de Estados e municípios que deveriam obter cerca de R$ 830 milhões em verbas de emendas do relator.
Assinados pelo relator do Orçamento daquele ano, o deputado Domingos Neto (PSD-CE), os ofícios foram elaborados com aval de Ramos, então ministro da Segov (Secretaria de Governo), segundo apurou o jornal Folha de S.Paulo com parlamentares que acompanharam as discussões.
A decisão de Pazuello contrariou Arthur Lira e Luiz Eduardo Ramos. Ao deixar o ministério, Pazuello jactou-se de ter ficado “jurado de morte” por se opor a acordos políticos.
“E aí começou a crise com liderança política que nós temos hoje, que mandou uma relação para a gente atender e nós não atendemos. E aí você está jurado de morte”, afirmou Pazuello há três meses.