O general genocida guatemalteco José Efraín Ríos Montt, que cometeu crimes contra a Humanidade, morreu no domingo, aos 91 anos, sem ir preso.
Montt governou a Guatemala entre 1982 e 1983 após um golpe de estado e era julgado pelo assassinato de 1.171 indígenas no departamento de Quiché, no noroeste do país, que foi entre seus muitos crimes o mais execrado. Pondo em prática uma política de terra arrasada, tortura e repressão às populações indígenas em favor das transnacionais, ficou também conhecido pela prática de “Fusiles y Frijoles” (Feijões e Fuzis), por entregar feijões e armas para forçar as populações a combater grupos rebeldes.
O ditador tinha sido condenado em 10 de maio de 2013 a 80 anos de prisão por crime de genocídio por um Tribunal de Maior Risco. Entretanto, dez dias depois sua condenação foi anulada por ‘falhas processuais’ pela máxima instância penal do país, a Corte de Constitucionalidade (CC).
Durante os 17 meses em que ficou no poder, o ditador reforçou as políticas de “caça aos comunistas” e estreitou ainda mais as relações do país com os EUA, se tornando um dos principais aliados do ex-presidente norte-americano Ronald Reagan na região.
Durante o enterro, membros da organização Hijos(Filhos), formada por sobreviventes do conflito militar que assolou a Guatemala entre 1960 e 1996, manifestaram-se na Praça da Constituição, no centro da Cidade da Guatemala. Durante o protesto, foi pintada uma frase: “Os povos nem esquecem nem perdoam.”
Os grupos paramilitares criados durante a época de Ríos Montt arrasaram mais de 400 aldeias guatemaltecas e massacraram populações, que ele e seus comparsas consideravam “inimigas do Estado”.
Os detalhes da matança de Quiché foram dados a conhecer por sobreviventes, durante o processo de 2013. Apesar da condenação, o antigo general nunca chegou a cumprir pena, já que deram um jeito de que os crimes de que fora acusado prescrevessem.
Seu governo foi considerado dos mais violentos, segundo um relatório da ONU de 1999, que afirma que foi cometido ato de genocídio na Guatemala.