Representam 64,4% do total da população em estado de desemprego de longa duração, ou seja, que procuram por trabalho sem encontrar há dois anos ou mais
O desemprego e o desalento bateram recordes no país durante a pandemia de Covid-19. Com a vacinação em ritmo lento e a falta de medidas do setor público que sustente a economia em temos de emergência sanitária e crise econômica, a população negra que já era maioria no universo de desempregados passou a responder por uma ampla maioria entre os trabalhadores que há dois anos ou mais procuram trabalho sem conseguir.
De acordo com levantamento realizado pela consultoria IDados a partir de números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no primeiro trimestre deste ano os profissionais negros passaram a responder por 64,4% do total da população em estado de “desemprego de longa duração”, ou seja, que procura trabalho sem encontrar há dois anos ou mais.
A marca representa um aumento de 1,3 ponto percentual em relação ao começo de 2020 (quando era 63,1%).
O economista Bruno Ottoni assina a pesquisa e sublinha que “a situação já era preocupante” em relação à inserção de negros no mercado de trabalho, especialmente em postos mais qualificados. Ou seja, a crise mal gerida agravou a situação e as desigualdades.
Já profissionais declarados brancos que estavam em situação de desemprego de longa duração passaram de 36,9% para 35,6% passados um ano de pandemia.
Desemprego se alastra
No primeiro trimestre de 2021, quase 3,5 milhões de brasileiros enfrentavam o desemprego há mais de dois anos. Trata-se do maior número da série histórica da Pnad Contínua.
Como diagnóstico, pesquisa conclui que o desemprego de longa duração na pandemia aumentou em proporção, além dos negros, entre homens e trabalhadores com 30 anos ou mais.
O estudo da IDados completa que as mulheres historicamente configuram maioria no desemprego de longo prazo, mas os homens, que nas famílias brasileiras costumam ter o papel de provedores, passaram a responder por 41,1% do total de pessoas nessa situação, ante 37% no primeiro trimestre de 2020.
Avaliando por idade, a parcela de adultos com 30 anos ou mais foi foi a maior parcela entre os desocupados há dois anos ou mais. Entre o primeiro trimestre de 2020 e igual período de 2021, subiu três pontos percentuais, de 50,2% para 53,2%. Esses profissionais costumam ser os mais qualificados e, socialmente, são chefes de família.
“Os resultados trazem preocupações. Grupos que antes não sofriam tanto no mercado de trabalho também passaram a sofrer. Em geral, a parcela com 30 anos ou mais não teria tantas dificuldades para se inserir, mas sofreu. Homens teriam maior facilidade, mas aí vem a pandemia, e eles não conseguem emprego”, ressalta.
De acordo com a Pnad Contínua do trimestre encerrado em abril, 14,8 milhões de pessoas procuravam trabalho no período antecedente à pesquisa. Considerando a taxa de ocupação, 48,5% dos brasileiros em idade de trabalhar efetivamente estavam empregados, o que significa que menos da metade da população brasileira trabalha.
os negros são maioria no Brasil ,e já poderíamos ter um presidente negro se unidos fôssemos.