Decisão de aumentar gasolina em 6% na refinaria atendeu aos interesses de trades de importadores que vinham exigindo esses aumentos. Caminhoneiros foram mais uma vez traídos pelo governo
A direção da Petrobrás acaba de anunciar, nesta segunda-feira (5), que vai reajustar o preço dos combustíveis a partir desta terça-feira (6). Os preços médios de venda de gasolina e diesel da Petrobrás para as distribuidoras passarão a ser de R$ 2,69 e R$ 2,81 por litro, o que significa reajustes médios de R$ 0,16 (6,3%) e R$ 0,10 por litro (3,7%), respectivamente. O gás de cozinha que sofre o sexto reajuste consecutivo este ano acumula uma alta de 38%.
DIESEL SUBIU 40% NO ACUMULADO DO ANO
No acumulado do ano, o diesel da Petrobrás subiu cerca de 40% enquanto a gasolina avançou 46%. Já o petróleo Brent acumula alta de cerca de 50%.
Esta decisão revela que o governo Bolsonaro não está nem um pouco preocupado com a economia do país. Ao contrário, apenas revela que ele deu as costas para as reivindicações dos consumidores, particularmente dos caminhoneiros, que, inclusive já anunciam uma greve para o dia 25 de julho, e completamente alinhado com as multinacionais e os importadores de derivados de petróleo.
Na semana passada, a Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), representante de 9 trades de importadores de combustíveis, em grande parte ligadas à petroleiras estrangeiras, fez uma grande pressão pelo aumento dos combustíveis. De outro lado havia a negociação dos caminhoneiros que vinham tentando junto ao governo uma mudança na política de preços da Petrobrás que, ao atrelar o preço interno ao dólar a ao barril de petróleo, está estrangulando a economia nacional.
DECISÃO ATENDEU AOS IMPORTADORES
A decisão de Bolsonaro e da direção da Petrobrás foi claramente favorável aos importadores e em detrimento da economia nacional, dos caminhoneiros e dos demais consumidores.
A Abicom não teve dificuldade para convencer o governo a garantir os seus privilégios e seus superlucros na importação de derivados. Inventou uma suposta defasagem de R$ 0,16 por litro em relação aos preços internacionais. Ou seja, as multinacionais pressionaram o governo para aumentar em 6% os preços praticados pela Petrobrás na refinaria. O governo, como sempre, foi bastante solícito com os importadores e aumentou em 6,3% o preço da gasolina e em 3,7% o preço do diesel.
E, para não perder a viagem, o governo também anunciou que o preço médio de venda de gás liquefeito de petróleo (GLP) para as distribuidoras passará a ser de R$ 3,60 por kg, um aumento médio de R$ 0,20 (6%) por kg. A população brasileira terá que pagar mais caro pelo gás de cozinha que já está pela hora da morte. Em Brasília, por exemplo, o botijão de gás está sendo vendido a R$ 130.
JUSTIFICATIVA DO GOVERNO É QUE GÁS DE COZINHA É “COMMODITY”
O governo tenta se justificar dizendo que não pode interferir nos preços do gás de cozinha porque o GLP seria uma commodity e, por isso, seus preços são definidos nas bolsas internacionais. Com essas medidas e com os aumentos nas tarifas de energia elétrica, Bolsonaro e Guedes são os principais responsáveis pelo estouro inflacionário que está infernizando a vida dos brasileiros.
Quem foi totalmente desprezado com essa decisão foram os caminhoneiros que estavam negociando com o governo. Antes de definirem a paralisação para o próximo dia 25, os caminhoneiros enviaram carta ao presidente Jair Bolsonaro pedindo um encontro, mas não obtiveram resposta.
A mudança na política de preços da Petrobrás para o combustível é a principal reivindicação dos caminhoneiros, que questionam “os aumentos abusivos”, baseados “em moeda estrangeira e critérios não econômicos e em desacordo com a realidade econômica nacional”.
De acordo com a entidade, em uma nota convocatória para a greve do dia 25 de julho, não só os caminhoneiros, “mas toda a população brasileira vem acompanhando a escalada nos preços dos combustíveis (gasolina, diesel e gás de cozinha) desde o início de 2021, promovida pela estatal de petróleo Petrobrás, sem qualquer justificativa plausível apresentada”.
TRAIÇÃO AOS CAMINHONEIROS
O presidente do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC), Plínio Nestor Dias, teve uma primeira reunião com a Petrobrás na terça-feira (29), e, segundo ele, o presidente da Petrobrás, general Joaquim Silva e Luna, ouviu mais do que falou, mas se comprometeu a realizar outras reuniões para discutir a pauta da categoria.
“Passamos para ele (Luna) a nossa pauta e falei sobre a realidade das estradas, as dificuldades que a categoria está passando. Fomos bem recebidos e se abriu um diálogo, criamos uma agenda de trabalho e vamos ter outra reunião”, afirmou o sindicalista. A decisão do indicado de Bolsonaro para a direção da Petrobrás veio hoje com o anúncio dos aumentos dos combustíveis. Com isso Bolsonaro sinaliza que a nefasta política de atrelar os preços internos dos combustíveis aos dólar e ao barril de petróleo vai prosseguir.