
Energia elétrica e combustíveis não param de subir. “É falta de planejamento”, diz Paulo Cesar Ribeiro Lima, ex-consultor legislativo
O governo Bolsonaro está penalizando a população com aumentos sucessivos nos preços do gás de cozinha e dos alimentos, particularmente da carne. Já não se tem acesso aos alimentos e, agora, nem ao gás para cozinhá-los. Como se não bastasse tudo isso, vieram agora as elevações absurdas nas tarifas de energia elétrica.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou, na semana passada, mais um reajuste. Desta vez de 52% da bandeira tarifária vermelha patamar 2 – cobrança adicional nas contas de energia que passará a vigorar a partir de julho. Ou seja, instituíram a bandeira vermelha, que já é uma majoração da tarifa, e agora reajustam a própria bandeira vermelha.
Na prática, apesar deles negarem, esse reajuste de 52%, que elevou o kWh de R$ 6,24 para R$ 9,49, implicará em um verdadeiro “racionamento econômico”. Será um racionamento forçado, já que muitos brasileiros não terão como pagar a conta e ficarão no escuro. Estamos entre o apagão energético e o apagão econômico. Se o país crescer um pouquinho, o país cairá na escuridão.
Eles dizem que o problema é do clima. Da falta de chuvas. Nós perguntamos ao engenheiro e ex-consultor da Câmara dos Deputados, Paulo Cesar Ribeiro Lima, se o motivo é este mesmo. Ele foi categórico em negar essa versão. “É mentira. A culpa não é de São Pedro, a culpa é de planejamento”, disse o especialista. “Com a falta de planejamento, a falta de priorização de fontes mais sustentáveis e até mais baratas, o quadro é esse”, sentenciou.
“O Brasil tem um potencial gigantesco de produção de energia eólica e solar que, apesar de ter avançado, avançou muito menos do que devia. E também as hidrelétricas. Elas poderiam ter uma maior capacidade de armazenamento de água. Eles fizeram só hidrelétricas chamada de fio d´água”, acrescentou.
“Então” prosseguiu o engenheiro, “com esse problema de falta de planejamento, de falta de priorização de fontes mais sustentáveis e até mais baratas, o quadro é esse”. “E as tarifas estão altas por quê? Porque as térmicas estão sendo acionadas, e têm que ser acionadas mesmo. As térmicas no Brasil são muito problemáticas, o gás natural que aciona as térmicas é muito caro, o óleo combustível, o diesel”, explicou.
Paulo Cesar destacou ainda que as térmicas também têm outros problemas. “Elas não são eficientes”. “Então há uma série de problemas com as térmicas que têm que ser acionadas e que vão gerar esse impacto na tarifa”, disse o consultor, deixando claro que o governo poderia estar levando o país em outra direção.
“A situação só não é muito mais grave por que? Porque o país não cresce, nós não temos demanda de energia. Isto acontece porque o país está sem crescer há dez anos, porque o PIB não cresce”, afirmou. “E realmente hoje isso é um gargalo para o crescimento do PIB. Esse é o problema, o Brasil é um país que não sabe aproveitar os recursos que tem”, observou Ribeiro Lima.