A Polícia Federal (PF) responsabilizou o Conselho de Administração da Petrobrás, que em 2006 tinha como presidente Dilma Rousseff (PT), pelo prejuízo com a compra da refinaria Pasadena, nos Estados Unidos. De acordo com dois laudos periciais, a estatal comprou a refinaria da empresa belga Astra Oil, em duas etapas, 2006 e 2012, pagando um sobrepreço de US$ 741 milhões.
A Petrobrás pagou US$ 359 milhões por 50% de Pasadena, em 2006. Em 2005, a Astra Oil havia pago US$ 42 milhões por 100% da refinaria. Após revelação do jornal “O Estado de S. Paulo”, em março de 2014, que Dilma votou a favor da compra, a já presidente da República disse que seu voto se baseou em um “resumo tecnicamente falho”, com omissão de cláusulas das quais, se tivesse conhecimento, não votaria a favor da compra.
Por causa das falhas, os peritos da PF afirmam que os conselheiros que participaram da reunião em que a compra foi definida não agiram com “o zelo necessário à análise da operação colocada” e sugerem como caminho para prosseguir a investigação a quebra dos sigilos bancários de todos eles. Estavam presentes na reunião, além de Dilma, Antonio Palocci, Cláudio Haddad, Fábio Colletti Barbosa, Gleuber Vieira e José Sergio Gabrielli.
Em colaboração premiada, o senador cassado Delcídio Amaral (PT) e o ex-diretor da Petrobrás, Nestor Cerveró, afirmaram que Dilma aprovou a compra da refinaria sabendo que resultaria em prejuízo.
A empresa belga acionou uma das cláusulas da venda de Pasadena em 2012 e a estatal brasileira desembolsou US$ 820 milhões pelos outros 50%. Com base em reportagem do Estadão em 2013– que mostrou a enorme diferença entre o que foi pago pela Astra Oil e o desembolsado pela Petrobrás -, o Ministério Público iniciou investigação no Tribunal de Contas da União (TCU).
Em outubro do ano passado, o TCU responsabilizou os conselheiros pelo prejuízo da Companhia e solicitou o bloqueio de seus bens.
Os laudos periciais são considerados provas e poderão ser usados na abertura de inquérito contra os integrantes do Conselho, à época.
Os laudos da PF foram anexados ao inquérito de Pasadena, sob responsabilidade do juiz Sérgio Moro. A investigação deu origem à denúncia, aceita por Moro, em que Delcídio e outros nove são acusados de corrupção e lavagem de US$ 17 milhões provenientes da compra de 50% da refinaria.