
Os trabalhadores dos Correios realizaram, na manhã desta terça-feira (13), um protesto em frente à sede da empresa em São Paulo, no vale do Anhangabaú, na capital paulista, em repúdio a tentativa do governo Bolsonaro de privatizar a estatal.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios de São Paulo (Sintect-SP), Elias Cesário (Diviza), denunciou os impactos negativos da venda da empresa com o aumento das tarifas e a falta de atendimento a pequenos municípios e regiões consideradas menos lucrativas e defendeu que a ECT “é um patrimônio nacional, e querem pegar esse patrimônio nacional e entregar a preço de banana”.
“Os Correios, uma empresa de mais de 350 anos, é a única empresa do setor presente em mais de 5570 municípios do país. Muitos de nós temos pessoas nos rincões desse nosso Brasil e que nos comunicamos pelos Correios, por ele que enviamos aquela encomenda. Não são as empresas privadas que levam, somos nós trabalhadores dos Correios”, disse Diviza.
As empresas do setor privado estão presentes nos cerca de 300 municípios considerados mais lucrativos, enquanto os Correios, além de estar presente nesses, é a única que chega nos 5.200 municípios que não dão lucro, além de bairros na periferia das grandes cidades.
“Pergunto a vocês, será que a empresa “A”, “B” ou “C” que quer comprar os Correios vai manter a entrega lá no interior do Maranhão? No Acre, indo com uma balsa de ponta a ponta? É fácil fazer a discussão a partir das grandes capitais, como a que estamos”, disse Diviza.
Diviza também enfatizou a importância social dos Correios, em especial no momento de pandemia, com as empresas levando vacinas e medicamentos. Papel essencial que se refletiu em outros momentos de tragédia.
“Em Mariana, Minas Gerais, [quando houve o rompimento da barragem] qual a empresa que teve um papel fundamental para ajudar àquela população? Foram os trabalhadores dos Correios que tiveram um papel central”, lembrou.
O presidente do Sintect-SP também denunciou a negligência do governo Bolsonaro no combate à pandemia e lembrou das denúncias de corrupção que vieram à tona graças à CPI da Covid-19, no Senado Federal. “Esse presidente não veio para atender aos interesses do povo, veio para atender o interesse de poucos”, disse.
“Usava o nome de Deus, dizendo que faria uma limpeza, que iria esterilizar o país da corrupção. Ao contrário, ele acaba de afundar ainda mais o país com falsas promessas e, novamente, usando o nome de Deus em vão”, lembrou o presidente do Sintect-SP.
“Hoje vemos um presidente genocida que cobra um dólar [como propina] pela vacina, será que ele vai cobrar um dólar por cada carta também? Porque o pensamento desse presidente é este, ele veio para acabar com o patrimônio brasileiro, ele veio para exterminar – ele disse isso em sua campanha e muitas pessoas não levaram a sério. A resultado está aí, o país está no caos”, denunciou Diviza.
Em Brasília também foram realizados atos dos trabalhadores contra a privatização. José Rivaldo da Silva, secretário geral da Federação Nacional dos Trabalhadores da ECT (FENTECT), resgatou a importância dos Correios na história do país e do papel de figuras como o Marechal Rondon no fortalecimento da estatal como empresa estratégica para o país e seu povo.

“Para fazer um paralelo com o passado, o Marechal Rondon implantou o Telex em todo o país, que construiu de ponta a ponta os estabelecimentos da grande empresa[…] É um absurdo que o general que está hoje à frente dos Correios não defenda a empesa”, disse José Rivaldo.
“A gente está aqui para denunciar ao conjunto da sociedade que a privatização dos Correios significa aumento de tarifa, significa não chegar em todos os municípios”, completou.
Além da incessante campanha contra a privatização dos Correios, os trabalhadores se organizam, ainda, em todo país para dar início a campanha salarial 2021/2022, com reuniões e assembleias marcadas pelo país.