
O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), admitiu nesta quinta-feira (15) que o depoimento do representante de vendas da Davati Medical Supply, Cristiano Carvalho, à CPI da Covid reforçou as suspeitas sobre a lisura das negociações sobre vacinas no Ministério da Saúde.
Durante a oitiva na Comissão Parlamentar de Inquérito, o líder de Bolsonaro se disse constrangido com diálogos que envolviam o executivo da empresa, que tem sede nos Estados Unidos, com integrantes do ministério.
A Davati pretendia intermediar a venda de 400 milhões de doses de vacina da AstraZeneca para o Brasil. Sem possuir as doses da vacina.
“Eu quero aqui também manifestar o meu desconforto com os diálogos que foram mantidos entre os representantes da Davati e servidores públicos ou ex-servidores públicos, numa narrativa em que a gente constata a falta de credenciamento, de capacidade técnica, de habilidade técnica para que essa empresa Davati ou seus eventuais representantes pudessem tratar com o governo brasileiro para uma eventual aquisição ou compra de vacinas”, disse o líder do governo.
“Eu estou realmente, digamos assim, constrangido com os diálogos que estão sendo aqui mostrados”, prosseguiu Bezerra.
Cristiano Carvalho se apresentou como representante de vendas da Davati no país e trabalhou junto com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti em busca de contatos no Ministério da Saúde para viabilizar o negócio.
Ele mostrou à CPI uma série de mensagens atribuídas a Roberto Dias, ex-diretor de Logística da Pasta.
Carvalho relatou a insistência de Dias em buscar contato. Segundo Luiz Dominghetti, o ex-diretor pediu propina de US$ 1 por dose para fechar a compra das vacinas.
A bancada governista na CPI também se mostrou incomodada com as revelações na CPI durante o depoimento de Cristiano Carvalho. O afã de defender o governo não foi o mesmo.