Como ameaçou Paulo Guedes em 2019, antes de assumir o Ministério da Economia, que iria “meter a faca” nos recursos do Sistema S (Sesi, Senai e Sebrae), o governo quer cortar 30% dos recursos das entidades empresariais que compõem o sistema para financiar parte do programa de estímulo ao emprego com corte de jornada, salários e suspensão dos contratos de trabalho, que deveria ser financiado com recursos da União.
As entidades empresariais que dirigem o Sesi, Senai e Sebrae dizem que não têm recursos para custear o programa, que prevê bolsa de R$ 550 – que seria dividida com a empresa empregadora -, para jovens de baixa renda e trabalhadores informais fazerem cursos de especialização.
Além de prever que o corte de 30% de recursos do Sistema S implicaria no fechamento de 400 escolas de treinamento e “acabaria com o Sistema em três anos”, como afirma o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, os dirigentes das entidades também não concordam com o formato do programa.
Para o presidente da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), Vander Costa, “é um equívoco tirar recursos da capacitação profissional para uma bolsa direta em dinheiro ao trabalhador que poderá ser usada para outras finalidades”.
Segundo ele, a medida também pode gerar um desvio constitucional da previsão de recursos do Sistema S, que é destinado para qualificação e treinamento.
“Mais do que dar dinheiro para o cidadão, o Brasil precisa de mão de obra de qualidade”, afirmou.
De acordo com o presidente da CNI informou em entrevista ao Estadão, todos foram surpreendidos, pois o que estava sendo negociado com o ministro Paulo Guedes era uma bolsa de R$ 2 bilhões de todo o Sistema em 2022 para o aluno “comprar um computador, pegar um ônibus, fazer um almoço”.
“Mas a gente faria isso de maneira espontânea e analisando com o ministério onde estão as pessoas mais vulneráveis, jovens que não trabalham e nem estudam”, afirmou Robson.
Agora, os dirigentes das entidades empresariais estão em franca campanha para barrar a proposta, constante da Medida Provisória (MP) que renovou o programa emergencial de estímulo ao emprego. Após articulação política das confederações, que negociam com o relator, deputado Christino Aureo (PP-RJ), outras fontes de financiamento, a MP vai voltar a ser apreciada depois do recesso.