“Querer desestruturar o trabalho já realizado pelo SESI e pelo SENAI por meio de uma ‘facada’ é condenar uma parcela da população à pobreza”, afirma presidente da entidade
A Confederação Nacional da Indústria rechaçou a declaração do secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, que repetindo declaração do ministro Paulo Guedes, disse na sexta-feira (23), em entrevista ao Valor, “temos que passar a faca no Sistema S” a pretexto de “gerar emprego e qualificar o jovem carente”.
“Querer desestruturar o trabalho já realizado pelo SESI e pelo SENAI por meio de uma ‘facada’, na tentativa de enfraquecer duas das principais instituições com capacidade para contribuir com os esforços de reduzir a informalidade e o desemprego no país, isso sim, é condenar uma parcela da população à pobreza”, afirmou Robson Braga de Andrade, presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Para o Sesi (Serviço Social da Indústria) e o Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), as declarações do secretário de Guedes revelam “profundo desconhecimento de como as instituições já contribuem, de forma efetiva e permanente, com a inserção de jovens brasileiros no mercado de trabalho, sobretudo os de classes menos favorecidas”.
“O SENAI é a principal instituição de ensino técnico e profissional do país, com mais de 80 milhões de trabalhadores formados em oito décadas de atuação. Seu modelo de formação mantém o currículo sempre alinhada à evolução tecnológica da indústria, o que se traduz em inclusão e empregabilidade para os jovens capacitados em diversos setores da indústria”, destacou a CNI.
“O SESI oferece educação básica focada na formação para o futuro do trabalho a mais de 900 mil jovens. Sua metodologia é de reconhecida excelência e seus alunos têm elevado desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 2020, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) beneficiou 36,7 mil trabalhadores já fora da idade escolar, permitindo a conclusão dos estudos e maior possibilidade de inserção no mercado de trabalho e crescimento profissional”.
A entidade ressaltou também que durante os meses mais agudos da pandemia no ano passado, o SENAI ofereceu mais de 1,5 milhão de matrículas gratuitas em cursos de educação técnica e profissional para contribuir com a continuidade da formação e qualificação do trabalhador brasileiro.
Além disso, “em parceria com mais de 20 empresas e instituições – entra as quais o Ministério da Economia – o SENAI liderou a iniciativa que resultou no conserto de mais de 2,5 mil respiradores mecânicos que foram devolvidos a hospitais das redes pública e privadas, contribuindo para salvar as vidas de milhares de pacientes infectados pelo coronavírus”.
“Embora o secretário do Ministério da Economia demonstre não saber, o SENAI já participa de três programas iniciados em 2020 justamente com foco na inserção de jovens no mercado de trabalho e no aumento da produtividade de empresas: o Emprega Mais, o Brasil Mais e o Aprendizagem 4.0”, afirmou a CNI.
Antes da posse de Bolsonaro, em dezembro de 2018, Guedes sugeriu que poderia cortar ao menos 30% dos recursos do Sistema S, mas admitiu que o percentual poderia chegar a 50%. “Tem que meter a faca no Sistema S”, declarou na época a uma plenária de industriais.