
Segundo a Polícia Civil, crime foi cometido em parceria com Ronnie Lessa, preso pela execução da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes
O ex-vereador do Rio de Janeiro, Cristiano Girão foi preso na manhã de sexta-feira (30) em São Paulo. Ele é acusado de ter cometido o assassinato de um casal junto ao miliciano do Escritório do Crime, o PM reformado Ronnie Lessa, que está preso pela morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes.
Investigações da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio apontam que Lessa executou André Henrique da Silva Souza, o Zóio, e Juliana Sales de Oliveira, em junho de 2014, a mando de Girão, que cumpria pena em regime fechado na época. Na ocasião, segundo denúncia do MP, o político era apontado como líder da milícia da Gardênia Azul, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio.
O político é acusado de duplo homicídio. Os investigadores chegaram até Girão a partir de depoimentos de testemunhas e ao descobrirem uma pesquisa feita no Google por Lessa sobre notícias das mortes, em 19 de fevereiro de 2018. Na época, ele buscou: “Casal morto na Gardênia Azul”.
Segundo a Polícia Civil, na data do crime a região da Gardênia Azul vivia uma disputa territorial entre grupos milicianos rivais. André, que era conhecido pelo apelido de ‘Zóio’, era investigado por comandar uma milícia em Campo Grande. Segundo as investigações, ele tentava expandir território para a Gardênia.
Na data do crime, André havia estacionado um Honda Civic na Rua Acapori, dentro da Gardênia Azul. Ele estava acompanhado da namorada Juliana e teve o carro interceptado por um Fiat Doblô. Criminosos de dentro do veículo efetuaram vários disparos contra eles.
Depoimentos de testemunhas revelaram que dentro do carro estava Ronnie Lessa. Segundo a polícia, as pessoas disseram que o miliciano, chefe do grupo de extermínio conhecido como “Escritório do Crime”, executou o casal a mando de Girão. Cerca de um mês após o caso o ex-vereador foi denunciado pelo MP-RJ pelo assassinato.
PRISÃO
Girão já foi condenado por lavagem dinheiro, envolvimento com a milícia da Gardênia Azul e formação de quadrilha. Segundo informações do Ministério Público, apesar de estar preso em um presídio de segurança máxima na época do assassinato do casal, ele era responsável por controlar a organização criminosa.
Cristiano Girão foi vereador da cidade do Rio de Janeiro pelo Partido da Mobilização Nacional (PMN). Ele foi condenado em 2009 a 14 anos de prisão, por chefiar a milícia da Gardênia Azul. Com a condenação, perdeu o mandato em 2010. Ficou preso por cerca de oito anos. Ele chegou a ser alvo de investigações no caso Marielle, mas a polícia descartou a hipótese de participação no crime ainda na primeira fase do inquérito.
O nome de Cristiano Girão constava no relatório da ‘CPI das Milícias’ presidida por Marcelo Freixo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Na época, Marielle era funcionária do gabinete deFreixo, que presidia a CPI. Era ela quem ouvia as vítimas dos milicianos.
O relatório foi concluído em 2008 e apontou a participação de vários políticos em grupos paramilitares.