O “Chicago boy” e serviçal dos bancos afunda o país e, quando é desmascarado, ataca o IBGE
Paulo Guedes não ficou satisfeito com os resultados medidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) sobre a crise do emprego que atinge taxa recorde de 14,6%. O instituto apontou que atualmente há 14,8 milhões de brasileiros desempregados.
Ele parece querer fazer com o IBGE o mesmo que o Planalto tentou com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), ou seja, parar de medir o desemprego para esconder o seu desastre. Assim como não queriam mais medir a destruição da Amazônia para acobertar os madeireiros ilegais, amigos chegados de Bolsonaro.
IBGE DESMONTOU ENCENAÇÃO
Os dados do IBGE desmontam completamente a encenação montada por Guedes de que a economia, sob sua gestão, estaria se recuperando e criando empregos. Isso não é verdade. Só ele e o seu suspeito Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) diziam isso.
O Caged foi alterado por sua equipe passando a considerar empregados todos os intermitentes, os temporários e demais subempregados, inflando artificialmente a lista de empregados.
Desde janeiro do ano passado, houve uma mudança na metodologia da pesquisa do Caged, que passou a ser alimentada por informações provenientes do eSocial, sistema de escrituração que unificou diversas obrigações dos empregadores. Além de reunir mais informações na mesma base de dados, o novo Caged tornou obrigatório informar a admissão e demissão de empregados temporários. Antes, essa comunicação era facultativa. Ao contrário do que apregoa Guedes, o desemprego no país é recorde e é gravíssimo.
Esta tragédia do desemprego que atinge o país, detectada pelo IBGE, é fruto de uma política, esta sim, que está “na idade da pedra lascada”, de submeter o país às amarras do rentismo, privilegiando os juros altos, os cortes dos investimentos públicos, o estrangulamento da renda e do salário e a criminosa venda de todo o patrimônio público. A pandemia da Covid-19 só veio agravar a estagnação em que os governos neoliberais, particularmente o atual, enfiaram a economia brasileira.
Desmascarado na farsa de que estaria havendo uma “retomada”, Guedes agrediu o IBGE dizendo que ele usa um método ultrapassado, “da idade da pedra lascada”. O que ele quer é o método da mentira e da falsificação.
O método do IBGE usada na PNAD Contínua, que Guedes critica, é muito mais abrangente do que o Caged e é usado no mundo todo. O seu método de falsificar a realidade é que é uma mentira e não tem nada a ver com a realidade.
IDEIAS DE GUEDES AFUNDAM O PAÍS
As teses ultraliberais abraçadas por Paulo Guedes, paridas na Escola de Chicago, e aplicadas no Chile de Pinochet, no início da década de 1970, e que, depois de espalhadas levaram o mundo ao maior desastre – em 2008 – desde a grande Depressão de 1929, estão completamente superadas em todo o mundo.
Ninguém, nem mesmo os gurus de Guedes da Casa Branca as adotam mais. Todos estão expandindo os investimentos públicos e procurando garantir alguma renda. Paulo Guedes está na contramão de tudo isso, completamente ultrapassado e, com sua teimosia, está levando a economia do Brasil ao fundo do poço. E, pior, continua cavando.
Alvo de críticas de Guedes, a metodologia de cálculo de desemprego da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), foi defendida por especialistas. Ex-presidentes do órgão apontam que os parâmetros utilizados pelo levantamento seguem um padrão internacional que se repete por todo o mundo.
Sérgio Besserman, ex-presidente do IBGE, defende a PNAD e entende que ela segue os melhores parâmetros de pesquisas deste tipo feitas em todo o mundo. “Ela está atualizada e segue as normas estabelecidas pela Comissão Estatística das Nações Unidas. É a antiga Pesquisa Nacional do Emprego (PNAD), que agora está dentro da PNAD. Agora, é claro que é uma pesquisa que tem como melhorar: é só soltar mais dinheiro, para aumentar o universo amostral”, afirma.
Também ex-presidente do instituto, o economista Paulo Rabello de Castro classifica a declaração do ministro como absurda e entende que os dados do Caged deveriam ser analisados pelo IBGE, antes de qualquer divulgação, e lembrou a fusão de três pastas que deu origem ao Ministério da Economia: da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, e do Planejamento. O IBGE está submetido à estrutura administrativa dirigida pelo ministro.
CAGED MODIFICADO
“O Caged depende que as empresas estejam informando corretamente, de informações de contadores. Como ter certeza de que esteja certo? As empresas que estão quebrando vão se preocupar com uma informação acessória?”, disse Rabello de Castro.
“O Ministério da Economia captura dados do cadastro, mas não há estatísticos no Caged. Por uma questão legal, os dados deveriam passar por tratamento estatístico no órgão. Uma das poucas vantagens dessa centralização de poder no Ministério da Economia seria colocar o instituto na coordenação de todas as estatísticas econômicas, o que não aconteceu”, continuou.
Os dois ex-presidentes destacaram que a PNAD Contínua era realizada de forma presencial e tinha taxa de resposta no patamar dos 80%. No entanto, com a pandemia, o passou a ser feita por telefone, o que reduziu a proporção de respostas para algo entre 50% e 60%, um padrão internacional considerado bom. Sobre as diferenças entre os dados da PNAD e do Caged, Rabello explica que são pesquisas diferentes, que precisariam ser analisadas sob óticas distintas. Por isso, segundo ele, não há disparidade.