A escolha do tucano Bonifácio de Andrada (MG) para ser o relator da segunda denúncia contra Temer, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, reacendeu a guerra interna entre governistas e não governistas na bancada do partido.
Os chamados “cabeças pretas” do PSDB estão irritados, assim como ocorreu na primeira denúncia, com a escolha na época do deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB/MG) para substituir Sergio Zveiter, cujo parecer foi rejeitado, na relatoria.
Os não governistas acusam o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB/MG), de romper um acordo firmado com Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB, de não indicar um tucano para a relatoria – para não expor o partido ainda mais e constranger os deputados que vão votar a favor da autorização para que Temer seja investigado pelo Supremo Tribunal Federal.
Bonifácio bateu o pé e disse que só sairá se o líder do seu partido em acerto com o presidente da CCJ o tirar da comissão. E mais: antecipou seu voto declarando que Temer foi vítima de Joesley Batista, da JBS.
Os “cabeças pretas” do PSDB, integrantes mais jovens da sigla e críticos do governo, avisaram que se ele insistir em continuar na relatoria “a coisa vai desandar”. A avaliação deles é que a escolha foi uma articulação do Palácio do Planalto com o senador afastado Aécio Neves (MG).
“A decisão do governo foi para provocar o PSDB e o racha interno, uma decisão que está acirrando os ânimos. E o Rodrigo Pacheco, como presidente da CCJ, de forma alguma poderia ter feito esse jogo combinado com o governo”, afirmou o deputado Daniel Coelho (PSDB/PE).
A ala governista alega que obrigar Bonifácio de Andrada a renunciar à indicação para a relatoria é, na prática, a cassação de seu mandato.