O reverendo negociou vacinas em nome do governo Bolsonaro
“Estamos diante de falsários e estelionatários que tentam beneficiar espertos na administração pública”, disse o senador Jean Paul Prates (PT-RN), durante o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, presidente da Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), na CPI da Pandemia.
Reverendo Amilton participou das negociações de vacinas superfaturadas em nome do Ministério da Saúde, apresentando-se como parceiro de entidades e pessoas suspeitas. Ou de entidades, como a ONU, que ele nunca foi autorizado a mencionar. Mesmo assim, o reverendo recebeu cartão verde do governo Bolsonaro para negociar vacinas em nome do Ministério da Saúde.
Como Amilton, outros atravessadores atrás de gordas “comissões” também tiveram livre trânsito para negociar vacinas. Enquanto isso, na ocasião, o governo ignorava e se negava a negociar diretamente com a Pfizer, com o Instituto Butantan e negligenciava o trabalho com a Fiocruz para obter vacina diretamente com os laboratórios com preços melhores. Num momento crítico em que as mortes por coronavírus disparavam e hoje está no assustador patamar de 561.762 mortes e mais de 20,1 milhões de casos do novo coronavírus.
Na sessão da terça-feira (3) da CPI, Jean Paul Prates levantou o histórico das organizações suspeitas e que são citadas como parceiras da Senah nos documentos que foram enviados para a CPI da Pandemia.
Uma delas, a United Nations Mission of International Relations (UNMIR), imita o logotipo da Organização das Nações Unidas (ONU) e é comandada por Aldebaran Von Holleben, que reivindica o título de Superman no Brasil.
“Você sabia que ele reivindica o título de Superman brasileiro? Que depois que o ator do Superman ficou tetraplégico ele diz que recebeu o poder de voar e que deveria estar nos filmes? Ele entrou na Justiça para conseguir o direito de ser reconhecido como Superman”, questionou Jean Paul o reverendo Amilton na CPI.
“O senhor acha que ele é uma pessoa mentalmente sadia, sã? O senhor o conhece? O senhor sabia que ele reivindica… [risos] Ele reivindica que é o Superman brasileiro?”, continuou.
Para Aldebaran, há “sincronicidade (coincidência significativa)” entre ele e o Super-Homem e até reivindica que a Warner reconheça que, no Brasil, ele é o super-heroi dos quadrinhos.
Segundo Amilton Gomes de Paula, a Senah tem parcerias com a UNMIR comandada por Aldebaran.
O senador Jean Paul disse que “quanto mais medíocre e inepto é o governo, mais suscetível ele está a essas mitomanias”.
“Diante da Pfizer e empresas que estão habitualmente reguladas por forças de mercado, por agências reguladoras, colocam as teorias da conspiração. Mas diante de entidades que usam siglas e insígnias, coloca-se na sala do presidente. Essa é uma inversão muito séria”, afirmou.
Jean disse que podem ter ocorrido os crimes de falsidade ideológica, estelionato e corrupção.
Os documentos da Senah também dizem que ela é reconhecida pela ONU e pela Conferência Nacional de Bispos Brasileiros (CNBB), o que é mentira.
“A sua entidade não está” no cadastro da ONU, “mas mesmo se estivesse seria como eu me aplicar para um emprego na Coca-Cola ou na Petrobrás e dizer que já sou dela porque me cadastrei”, disse Jean Paul.
“O senhor não tem legitimidade para colocar a insígnia da ONU em um papel desse. Você tem autorização expressa para isso?”, perguntou. A resposta do reverendo foi “não”.
O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também ironizou a parceria de Amilton quando o interrogou na CPI.
“Está mais fácil acreditar no cara que acha que é o Super-Homem”, afirmou Vieira para Amilton, duvidando das respostas do reverendo.
E acrescentou: “Nada disso daqui é verdadeiro, nada! A oferta de vacinas é mentirosa, a conversa fiada de apoio humanitário é mentirosa, tudo atrás de dinheiro no pior momento da vida do Brasil”.
“Então, se em algum momento — se em algum momento —, o senhor efetivamente teve na sua conduta o princípio cristão, já passou muito da hora do arrependimento; agora é hora de punição”, afirmou.
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