Após protestos que levaram centenas de milhares de pessoas às ruas de todo o país contra o governo Bolsonaro entre os meses de maio e julho, os estudantes brasileiros convocaram novos atos para o próximo dia 11 de agosto – Dia do Estudante.
As manifestações em defesa da Educação da próxima quarta-feira são organizadas pelas entidades estudantis que, mesmo diante da pandemia, alertam para a necessidade da mobilização devido à gravidade da situação do país e a falta de compromisso do governo federal com a volta às aulas.
Lucca Gidra, diretor de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), destaca que “a indignação do povo brasileiro com o governo está gigantesca” e que os estudantes voltarão às ruas para denunciar os crimes de Bolsonaro.
“A política de acabar com o Brasil, de acabar com a vida do povo brasileiro, conduzida por Bolsonaro, já causou quase 600 mil mortes. Enquanto isso, a CPI da Pandemia revelou diversos casos de corrupção do governo, inclusive com a compra de vacinas que poderiam salvar muitos de nós. Isso leva uma indignação tremenda, isso faz com que centenas de milhares de pessoas se somem nas ruas contra esse governo. Todos pelo Fora Bolsonaro”, destacou Lucca à Hora do Povo.
O estudante secundarista destaca ainda que o dia 11 de agosto será muito importante no sentido de denunciar o abandono da Educação pelo governo federal. A UMES está realizando mobilizações e plenárias preparatórias para ampliar a convocação do Dia do Estudante.
“O dia 11 de agosto é um dia histórico para os estudantes, um dia histórico de mobilização em defesa da educação. Esse é o 11 de agosto mais importante da história dos estudantes e da história também da UMES porque é o 11 de agosto onde a gente tem enfrentar o governo mais perigoso e mais danoso a nossa Educação e ao Brasil”, ressaltou Lucca.
O dirigente estudantil denuncia ainda que a situação da Educação neste governo “é totalmente desastrosa”. “A nossa educação está em constante ameaça com esse governo e é esta a política que o governo Bolsonaro escolheu: a de destruir a escola pública”. “Não é a toa que ele ataca as universidades federais, não é a toa que ele ataca o Enem, que é a principal ferramenta para inserir os estudantes da escola pública nas universidades públicas”.
Ele relembra que o Ministério da Educação, sob o governo Bolsonaro, tentou, desde o início, acabar com o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. “O que este governo fez em relação ao ENEM, de excluir milhões de estudantes do Exame de 2021 foi criminoso. Os estudantes que não conseguiram fazer a prova de 2020, uma prova realizada durante uma das fases mais graves da pandemia, foram impedidos de pedir isenção da taxa de inscrição da próxima prova. Muitos estudantes perderam seu sonho de entrar na universidade por não conseguirem pagar e não conseguir isenção da taxa de inscrição da prova”, disse.
Cortes
Lucca denuncia também os cortes realizados pelo governo no orçamento da Educação e na verba destinada à infraestrutura das escolas. “Eles não passaram nenhum centavo dos dois bilhões de verbas que deveriam ser destinados à infraestrutura dentro das escolas”.
“Bolsonaro chegou a vetar o projeto aprovado pelo Congresso Nacional que destinava R$ 3,5 bilhões em recursos para garantir que estudantes da escola pública tenham acesso à internet. Milhões de estudantes foram prejudicados por esta verdadeira crueldade.
“O Congresso derrubou o veto, mas Bolsonaro tentou ir ao STF para garantir que não repassaria os recursos para estados e municípios. Agora, editou uma Medida Provisória para não ter uma data definida para liberar estes recursos. Isso é inaceitável”
“A gente sabe que a aula presencial não pode ser substituída de nenhuma maneira pela aula online. Agora, vale ressaltar que as aulas presenciais só estão retornando agora porque a decisão política do governo Bolsonaro foi a de não combater a pandemia. Foi a de incentivar as aglomerações, espalhar o vírus e se apoiar no negacionismo e no charlatanismo de remédios que não funcionam contra a Covid-19”.
“Foi a inação de Bolsonaro a responsável pela morte de quase 600 mil brasileiros e que impediu milhões de estudantes de conseguirem estudar, causando danos imensos à nossa Educação. É por isso que voltaremos às ruas. Para impedir este governo criminoso de seguir com esta política”, destacou Lucca Gidra.
Campanha de incentivo aos jovens eleitores
A partir de agosto, a UMES também lançará uma campanha de incentivo para que os jovens estudantes tirem os seus títulos de eleitor e façam valer o seu direito. Na avaliação da entidade, é necessário ampliar a participação política da juventude.
Na avaliação de Lucca, o voto é a representação fundamental da democracia e os jovens terão uma participação muito importante nas eleições presidenciais de 2022. Segundo ele, dos mais de 300 mil jovens com 16 e 17 anos que vivem na capital paulista, nem 20 mil possuem título de eleitor.
“Hoje em dia tentam afastar nossa juventude de qualquer movimentação política, inclusive do alistamento eleitoral e isso não é à toa. É muito importante que a juventude tire seu título de eleitor para votar nas próximas eleições”, destacou Lucca.
Ele ressalta ainda que “a maior taxa de rejeição do governo Bolsonaro se dá entre a juventude e esse direito, do voto, deve ser exercido inclusive como defesa da Democracia e contra o governo Bolsonaro”
“Para mudar esta realidade, a UMES iniciará uma grande campanha de conscientização da importância do alistamento eleitoral da juventude e dos estudantes do Ensino Médio. Nossa proposta é a de garantir que milhares de jovens tirem seu título de eleitor para votar nas eleições de 2022 e defender a democracia”, pontuou o líder estudantil.